Crônicas: Quatro memoráveis noites em Dublin
Crônicas: Quatro memoráveis noites em Dublin
01 de dezembro de 2015
Crônicas: Quatro memoráveis noites em Dublin
Rômulo
Editor-chefe do U2 Brasil

Noite 1 de 4: 'Hoje à noite nós estamos aqui..'

'O show mais visceral já executado pelo U2 em Dublin desde War'.

Donal Scannell, que viu o U2 pela primeira no Croke Park, em 1987, relata a noite de abertura da banda em Dublin com a #U2ieTour.

Só se falou disso em Dublin nos últimos dias, além do Instagram de Bono com quatro pints de Guinness no balcão de Peter Pub, em South William St. Palavras nunca serão suficientes para expressar o quanto essa imagem ressoou por aqui.

'The Boys Are Back In Town' e Adam, de Malahide, veste uma camiseta do Thin Lizzy em referência ao título da canção. Como sempre, junto de Larry, de Artane, Edge também de Malahide e Bono de Ballymun. U2: eis a banda do lado Norte de Dublin.

'Esta é uma função da família', Bono proclamou após uma abertura alucinante com "The Miracle (Of Joey Ramone)", "Electric Co." e "Vertigo" numa rápida sequência. Esta noite, eles sentiram essas músicas como se tivessem sido escritas no mesmo ano, não em décadas separadas. 'Estamos todos juntos', Bono continuou: 'Como todas as relações em todo o mundo.'

U2 e a Irlanda são uma família. Nós amamos uns aos outros através de bons e maus momentos. É difícil transmitir a profundidade do relacionamento, mas cada irlandês entende bem. Muito aconteceu desde que o U2 tocou pela última vez em Dublin. Já faz alguns anos, mas o show da semana passada foi um que nós ainda estaremos falando a respeito até as próximas décadas. U2 se revelou muito necessário hoje à noite, não pareceram revestidos de açúcar.

Paixão e fé abrilhantaram, mas o show de hoje foi sem dúvida o mais visceral espetáculo que do U2 em Dublin desde 'War'.

Quase todos ali conhecem a Irlanda que o U2 veio. Era um lugar sombrio, sem perspectivas e que foi separada do resto do mundo.

Com "Iris" tivemos um vislumbre da dor que levou estes quatro a levarem algo de si para além da nossa bela ilha.

'É uma coisa estranha para um homem adulto dizer', Bono faz a introdução: 'a perda de minha mãe quando eu tinha 14 anos foi o que enviou esses três caras no meu caminho.'

Em "Song For Someone", Bono faz a primeira de muitas homenagens a Ali, prendendo a nossa atenção à tela: 'Eis-me aqui com 18 anos, tocando o violão que meu irmão Norman me deu. Escrevendo uma música para impressionar Alison Stewart ainda, mesmo ela estando aqui esta noite.

Adam em "Sunday Bloody Sunday" reformula com cortes funkeados. Ele ainda provoca arrepios na espinha ao nos confrontar com o passado. Faz nossos corações chorarem com décadas de dor, representado pelos estilizados murais tribais de Oliver Jeffers, em Belfast.

"Raised By Wolves" é, em muitos aspectos, o ponto de apoio emocional do show. Rememora os atentados em Dublin e Monaghan, em 17 de maio de 1974. O dia mais sangrento dos "Troubles". O rosto assombrando de uma criança falecida olha fixamente para fora da tela. U2 nos força a lembrar 41 anos mais tarde um rosto entre muitas vítimas.. Parece que toda semana há novas caras destinadas a olhar para fora da tela. Vidas congelados para sempre com o terror que as leva embora aleatoriamente. "Bataclan" foi a palavra não mencionada que estava na mente de todos. Os amantes de música têm sido atacados e estar aqui entre família ajudou. Muito.

De Monaghan a Bagdá, de Beirute a Paris há uma linha de sofrimento que o U2 nos ajuda a processar. Compreender como viver momentos tão difíceis define este show.

É um tema que volta para perto do final, quando estamos atordoados em silêncio pelo curtametragem de Kobanî, na Síria. A cidade devastada.

A hashtag #refugeeswelcome recebe um dos maiores aplausos da noite.

Este foi um show que combinou não apenas Inocência e Experiência, mas também dor e alegria.

Na Irlanda, misturamos tristeza e alegria. Os funerais são tão extasiantes quanto casamentos. Nós carregamos um ao outro através de luz e sombra.

Nós nos transformamos em adolescentes nascidos de novo com a banda tocando "Pride" para a família Heaney. Seamus Heaney foi nosso maior poeta vivo dos últimos tempos desde que U2 tocou em Dublin. Para aqueles que deixou para trás.

Esta noite não era mórbida. Era uma chamada para acordar. Precisamos priorizar. Segurar perto o que é precioso, olhar para aqueles que precisam de nossa ajuda e celebrar o fato de estarem vivos. Uma noite emocionante com uma simplicidade e soco que não serão esquecidos facilmente.

Tanta coisa sobre a noite passada não teria acontecido em qualquer lugar, exceto em Dublin. Em um certo momento, Edge se inclinou para Bono e o lembrou de agradecer 'Fr. Crosbie por emprestarem a arena'. É uma linha descartável que levaria cerca de mil palavras para explicar.

Esta é a melhor coisa sobre estar em família. Você não tem que se explicar.

Como Bono tinha colocado anteriormente, 'Você sabe o que? Nós gastamos os últimos nove meses viajando o mundo tentando explicar o Lado Norte de Dublin para as pessoas. Mas nós não temos que fazer isso hoje à noite, porque nós estamos aqui...'

Um sussurro de 'Oiche Mhaith' serve como adeus. 'Boa noite' em irlandês, mas há muito perdido na tradução.

É uma benção você usar para aqueles que você realmente ama. 'Oiche Mhaiith U2' nós sussurramos de volta, ou seja, até a última sílaba.

Noite 2 de 4: 'É ótimo estar de volta ao McGonagles'

'É ótimo estar de volta ao McGonagles', disse Bono depois de "I Will Follow", e esta noite a 3Arena poderia ter sido aquele lendário clube de Dublin onde a banda tocou pela última vez em 1979.

Não que o presidente da Irlanda estaria na plateia em 1979. Michael Higgins estava aqui esta noite, assim como Shane McGowan da banda The Pogues, 'bem na frente de você', durante "Beautiful Day".

Também não haveria um Bono brasileiro da era "POP" (nosso amigo Eliezer), vestido de boxeador e óculos fly-shade, em cima do palco para treinar com o Bono da era "Songs of Innocence" em "Mysterious Ways"... ou filmar a banda pela câmera para uma transmissão mundial de "Desire".

Também não haveria páginas caindo das vigas no teto durante "Until the End of The World", páginas de Dante e páginas que forneciam informações sobre "Justice For The Forgotten".

"Out of Control" estava de volta ao set hoje à noite, juntamente com "Desire" e "Angel of Harlem" e o que dizer sobre isso por uma estatística do @U2gigs? "Bad" esta noite completou a sua 500º vez tocada em sua totalidade. Foi ainda mais arrepiante o seguimento, tão lindo em "40".

E chequem esses ótimos comentários da primeira noite em Dublin, incluindo, The Irish Independent, uma menção de McGonagles... e em qualquer outro lugar em Dublin que a banda tenha tocado.

'Por incrível que pareça, este é o primeiro show irlandês do Fab Four em grandes arenas desde à véspera de Ano Novo de 1989, no antigo Point Depot muito antes deste local receber uma reforma no século 21. É espantoso olhar para trás agora, mas a sua trajetória de shows em Dublin inclui concertos no Top Hat, Dun Laoghaire, o azarado Stardust em Artane, McGonagles na rua South Anne, Harcourt Street’s TV Clube, e, claro, o Baggot Inn...'

E, 'em um concerto transbordando destaques', acrescentou Eamonn Sweeney, "Sunday Bloody Sunday" seguida por "Raised By Wolves", uma canção sobre os devastadores carros-bomba em Dublin e Monaghan em maio de 1974, é um momento de cair o queixo. Isso prova que o U2 não perdeu a sua capacidade de interpretar sobre a história emaranhada desta ilha conturbada e a continuar fazer questionamentos. A canção termina com a mensagem simples: 'justiça para os esquecidos'.

'Como uma lição sobre como agitar um público até obter uma espuma de suor, alegria e emoção, é uma peça perfeita e eficaz de trabalho', relatou o The Irish Times. 'Como um exemplo de teatro de rock'n'roll - especialmente com um show poderoso e muitas vezes hipnotizante no palco que de vez em quando dá socos nas faixas mais fracas de "Songs of Innocence" em sua apresentação – É magnífico.

The Irish Mirror disse: 'para agradar multidões, "Vertigo" e "I Will Follow" realmente tem pés carimbados conforme o quarteto vai para um ambiente mais íntimo nesta turnê, em vez dos enormes estádios pelos quais eles são famosos.

O som vinha de forma uniforme e limpa através de alto-falantes enormes pendurados no teto em todo o local.

"Não importa onde você estava sentado, a acústica foi surpreendente."

Noite 3 de 4: 'Eu estarei com você... de novo'

'All is quiet on New Year's Day.
A world in white gets underway.
I want to be with you, be with you night and day.
Nothing changes on New Year's Day.
On New Year's Day...'

"New Year’s Day" e "Gloria" foram as surpresas no set list da terceira noite em Dublin e o volume foi fora da escala a noite toda. Como @calebu2 apontou, 'Esta deve ser a multidão mais barulhenta que eu já estive...'

'Toda vez que esta banda toca, nós queremos nos sentir como se fosse em uma sexta à noite,' disse Bono, depois de "I Will Follow", 'E hoje à noite é realmente sexta à noite. Não só isso, é sexta à noite em Dublin e para quem é fora da cidade, e eu sei que há vários de vocês, nós somos medalhistas de ouro em diversão... nós somos Olímpicos em diversão... bons tempos... e nós vamos balançar esta casa... todos nós para estas próximas canções. Deixe-me levá-los para a casa que me balançou…'

Então, "Iris" levou todos nós nessa jornada abaixo para "Cedarwood Road", onde uma "Canção para Alguém" ("Song For Someone") tornou-se uma canção para todo mundo.

Algumas estatísticas interessantes do @u2gigs, notando que esta foi a performance 900 de "I Will Follow", que "Gloria" voltou após seis shows e "New Year’s Day" foi tocada pela terceira vez nesta turnê.

'A última vez que eu vi o U2 ao vivo foi no Marquee Club em 1980,' twittou @fgoulding. De fato, a última vez que a banda tocou no Marquee de Londres foi 35 anos atrás. Se aquele show foi ótimo, este foi incrível. Imagine terminando um show com "Bad" seguido de "One".

@atu2comSherry capturou-o. 'Este espírito, esta audiência, esta banda. É por ISSO que eu sou uma fã. Wow. Apenas. Wow. #U2ieTour'

Noite 4 de 4: Noite elétrica em Dublin

'O primeiro gerente do grupo U2, Adam Clayton no baixo
O primeiro empregado do grupo, na bateria, Larry Mullen Jr.
Na guitarra com uma conexão direta com a NASA,
o cientista de foguetes desta banda – The Edge...'

Bono, introduzindo o resto da banda durante "Electric Co.", e que companhia elétrica esta banda foi.

Donal Scannell, que relatou a noite de abertura em Dublin para nós, estava lá de novo na noite final. Aqui está seu relato.

Sábado à noite foi de um jeito diferente do primeiro show na segunda antes de uma nota ser tocada. Festa à noite para o início. Pessoas cochichando sem trabalho para levantar no próximo dia. Este show foi o desenlace da iNNOCENCE and eXPERIENCE. O final original da festa da turnê agendada para Dublin.

O U2 estava relaxado como gostaria depois de uma semana em casa. O show foi cheio de apartes improvisadas e pura celebração. Em um momento o palco E se levantou com as Queens. Dr. Panti Bliss, um grande nome da luta pelos direitos humanos que impulsionou a Irlanda através de uma longa campanha pela igualdade de casamento, foi a estrela de "Mysterious Ways".

Apesar de um ano de incrível sucesso e casas cheias de Sydney à NY, Panti estava festejando com a emoção de estar em seu maior palco ainda. Juntou-se à ela no palco uma ardente Imelda May em "Desire" para o Meerkat. Essa dupla dinâmica mais o U2 fizeram o melhor selfie já feito.

Esta noite foi uma noite de ação de graças. Bono elogiou a equipe que fez tudo acontecer.

'Jake Berry que colocou tudo isso no que nós ainda podemos chamar de Point Depot. Sem ele nós não estaríamos aqui em Dublin.'

Willie Williams, Smasher, Joe O'Herlihy e Gavin Friday também estavam entre os nomes. Tornando-nos cientes que shows como esse só se tornam possível quando existe uma equipe formada há um longo tempo.

O que você rapidamente se acostuma em um show do U2 é atualmente muito radical. Como eles vêm e vão. Como eles se movem ao redor. Ou o piano que aparece debaixo do palco para a versão acústica de "Every Breaking Wave". Este piano aparece debaixo do palco em um movimento hábil que leva segundos.

Quanto pensamento, esforço e ação pelo número de pessoas que entrou na iNNOCENCE and eXPERIENCE despercebidos? Multiplique este número por mil para apreciar os esforços envolvidos para tornar esse show possível.

O U2 desenvolveu o que eles chamavam de "A Garra" na 360 Tour. Não há palco principal. Não há 'Nós' e 'Eles'. O U2 nos persuadiu a olhar não para eles, mas para cada um.

O U2 vive em um momento audacioso de sua própria criação. Uma versão da Irlanda que é melhor. Melhor porque é livre do preconceito e cheia de amor e ambição para ser a melhor.

Toda vez que uma turnê do U2 vem e vai eu me sinto do mesmo jeito. Hilariante, inspirado e determinado a aplicar o que eu senti nos seus shows no meu dia-a-dia.

Como a iNNOCENCE and eXPERIENCE viajará até Paris eu resolvi fazer mais para ajudar os refugiados. Esta determinação vem não só do U2, mas de Stephen Hawking, que proporciona um dos momentos mais inesquecíveis de cada noite.

O seu sábio conselho precede a #refugeeswelcome que todo mundo aplaude tão apaixonadamente.

Quando "Where The Streets Have No Name" foi escrita, eram ao acaso campos de refugiados da Etiópia que Bono estava evocando.

"Bullet" foi transposta da América Central para o Oriente Médio. A geografia mudou, mas mais uma vez é o sentimento de dor de cada dia das pessoas. Como as palavras reescritas de Bono persuadem ele para fazer mais, ele pede o mesmo para nós, para 'Sonhar com um mundo que queremos viver'.

Ele nos apresenta uma escolha: 'Uma Europa com seus olhos abertos ou uma Europa com seus olhos fechados para a misericórdia.'

'O que você quer,' ele pergunta. 'Eu sei o que eu quero. Um lugar chamado casa. Eu sei que nós não nos tornaremos um monstro para derrotar um monstro, porque nós acreditamos no amor.'

O show de hoje à noite termina com uma única luz irradiando-se para cima, enquanto o público canta a canção favorita de Dennis Sheehan em sua memória – "40".

Dennis, como Bono explicou 'Esteve nesta banda por 33 anos. Um homem de Dungarvan. Nós o perdemos este ano. Sua família está aqui e nós tocamos para ele. Dennis levou as pessoas a cantarem "40" quando nós estávamos gravando "Under A Blood Red Sky". Esta é sua voz no microfone levando as pessoas a cantarem.'

'Quanto tempo para cantar esta canção,' soou bem depois de Edge, Adam, Larry e Bono deixarem o palco. Uma linda e corajosa maneira de terminar um show.

Eu encaro a noite determinado a partilhar a minha sorte com os outros.

Agora, Paris neste final de semana, é o climax re-programado da turnê como um gesto de desafio para com aqueles que necessitam de amor em suas vidas.

Fonte: U2.com

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