A história por trás da gravação de “Where The Streets Have No Name”
A história por trás da gravação de “Where The Streets Have No Name”
02 de março de 2017
A história por trás da gravação de “Where The Streets Have No Name”
Thiago Dos Santos

“Where the Streets Have No Name” é o sol nascendo sobre "The Joshua Tree". É uma luz crescente. É um lento avivamento. É uma canção que permite que cada membro do U2 encontre seu papel, e então venham a juntar suas forças em uma carga rítmica que prepararia o terreno para um álbum épico.

Exceto que “Where the Streets Have No Name” quase tirou o álbum dos trilhos por completo. Os integrantes da banda (e a equipe de produção que colaborava com eles), já descreveram a gravação da canção como uma das mais frustrantes e trabalhosas criativamente em toda sua carreira.

Mais de um ano antes que o U2 estivesse nervoso e brigando no estúdio, Bono se inspirou em uma viagem para a Etiópia para escrever a letra da canção. Após o envolvimento da banda no Live Aid, Bono e sua esposa, Ali Hewson, viajaram em 1985 para ver a situação in loco. Ele iria ser profundamente influenciado pela experiência, lutando para expressar seus sentimentos em palavras.

“Tudo isso sobre desertos e a sequidão da terra…escrevi em sacos para enjoo e pedaços de papel da Air India, sentado em uma pequena tenda em uma cidade chamada Ajibar no norte da Etiópia” disse Bono a Rolling Stone em 2005. “É uma letra estranha e inacabada, e fora do contexto da África, não faz sentido nenhum. Mas que contém uma ideia muito poderosa. No deserto, nós conhecemos Deus. Em momentos de seca, de adversidade, descobrimos quem somos.”

Mas “Where the Streets Have No Name” não está apenas focada na África, mas também na característica identidade Irlandesa da banda. O título, especificamente, está enraizado na Irlanda do Norte.

“Uma história interessante que alguém me contou uma vez foi que, em Belfast, baseado na rua em que a pessoa mora você pode saber não apenas sua religião mas também quanto ela ganha”, disse Bono em 1987. “Literalmente pelo lado da rua em que ela mora, pois quanto mais alto na colina, mais caras as casas se tornam.”

Como Bono canta na canção, “Eu quero destruir as paredes que me prendem”, ele buscou destruir as barreiras entre as pessoas. As imagens de desertos na África se conectaram com suas ideias da América como um deserto político, algo que foi incorporado no título e na arte do álbum.

Durante uma pausa nas sessões do álbum, The Edge estava trabalhando independentemente em uma demo. Brincando com a guitarra, o baixo, o teclado e uma bateria eletrônica, Edge ficou fascinado com seu rascunho – uma canção levada por um arpejo de repetições rápidas, e linhas de guitarra que mudavam de tempo 2 vezes. No primeiro dia em que as gravações para o álbum retornaram, o guitarrista apresentou alegremente a demo. Para sua decepção, seus colegas de banda não estavam tão entusiasmados.

“Edge havia criado “Streets” em um gravador de fitas cassete de 4 faixas e ele tinha começado com esse estilo meio confuso, cheio de instrumentos”, lembrou o baixista Adam Clayton no DVD Classic Albums. “Eu tenho que dizer, na época, eu não valorizei as horas de trabalho e pensamento que tinham ido nessa ideia. Parecia apenas um jeito de ferrar com a banda.”

Apesar do guitarrista ter acertado a introdução e a conclusão da canção e ter criado uma parte que trocava o tempo, de 3/4 para 4/4, o meio ainda estava bem solto. Com os produtores Brian Eno e Daniel Lanois, o U2 começou a trabalhar (e trabalhar… e trabalhar) focando em transformar uma ideia em uma canção completa.

Lanois se lembra de ter agido como professor de música mostrando para Edge, Clayton e o baterista Larry Mullen Jr. várias mudanças de acorde em um quadro negro enquanto Eno enlouquecia. As sessões do álbum começaram a focar em uma única canção – uma na qual o produtor achava que não chegava a lugar nenhum. Uma história famosa envolvia Eno, que já exausto, estava prestes a apagar semanas de trabalho até ser parado por um engenheiro de gravação.

“Existe uma interpretação errada dessa história… Aquela versão (de “Streets) tinha muitos problemas”, disse Eno. “O que nós fazíamos era gastar horas, dias, semanas – na verdade, provavelmente metade do tempo que levou para gravar o álbum todo foi gasto naquela canção, tentando consertar essa versão da fita. Era um pesadelo trabalhar com ela. E eu sentia que seria muito melhor começar tudo novamente, já que não temos nada. Então a minha ideia era fingir um acidente, apagar a fita, para que pudéssemos reiniciar o trabalho.”

Quer ele tenha parado por vontade própria, ou tenha sido parado por um engenheiro intrometido, Eno falhou em concluir seu plano de apagar a fita. Todos perseveraram e eventualmente conseguiram chegar a versão final que é escutada em "The Joshua Tree". Além dos quatro membros da banda, pode-se escutar Eno tocando os sintetizadores no início da canção e Lanois contribuiu com a percussão extra. O time criativo criou um carinho tão especial pela canção, que eles logo concordaram que “Where the Streets Have No Name” era a canção perfeita para iniciar o álbum.

“Uma canção como “Streets”, que teve uma concepção tão difícil, se tornou realmente prazerosa de se tocar hoje em dia,” Clayton disse. “Mas na época, nós não sabíamos o que ela era. Era como o início da techno music.” Bono, por outro lado, compara a canção com “Break On Through (To the Other Side)” do The Doors, em como ela convida os fãs a viajar com a banda para outro lugar. Após ter sido lançada em Agosto de 1987 como o terceiro single de "The Joshua Tree" – com um vídeo particularmente famoso que mostra a banda tocando no teto de uma loja de bebidas de Los Angeles – “Where the Streets Have no Name” se tornou uma das canções mais famosas da banda. Poucas canções do U2 são mais conhecidas que essa, que tem sido tocada em praticamente todos os shows da banda, da turnê Zoo TV a PopMart, Elevation até a 360.

“Não importa o quanto um show nosso fica ruim,” disse Bono, “nós podemos ter certeza que ele vai decolar quando tocarmos essa canção.”

Fonte: diffuser.fm

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