1979: Missão Contrato
1979: Missão Contrato
26 de março de 2015
1979: Missão Contrato
Vetri
Newsposter e editor de vídeo do U2 Brasil

1979 começa com a revista Hot Press realizando uma pesquisa: "Qual era banda mais promissora naquele momento?". O U2 perde para o grupo "The Bogey Boys". Neste início também vemos a banda criando músicas inéditas como "Twilight", "Alone in the Light", "Another Time, Another Place", "I " e "The Magic Carpet". Vários shows se seguiram em Dublin depois disso, sendo dois shows num mesmo dia. Até que participaram do "Dark Space Festival", no Reino Unido, onde eles pretendiam chamar mais atenção. A apresentação da banda aconteceu às 3:30 da manhã onde eles tocaram músicas originais e cover.

Paul McGuinness tenta lançar o nome do U2 às gravadoras até que um membro da CBS Records ouve uma fita demo da banda e, mesmo não se convertendo muito aos garotos, ele concorda em ver o U2 tocando em Dublin em breve. Era Chas de Whalley. Veja o que ele disse após ouvir a banda:

Muitas das bandas que eu ouvia eram muito semelhantes, muito pobres. O nível de musicalidade e imaginação na maioria dos grupos não era muito bom. Não me lembro de nenhuma fita do U2 que eu ouvi inicialmente tenha me feito pensar o contrário. O que me impressionou foi a história que Paul McGuinness estava me contando, e obviamente o fato da banda ter ganhado uma competição irlandesa da CBS. Senti apenas que aquilo era alguma vibração acontecendo. Ele também me mostrou algumas fotos e eu apenas senti que alguma coisa estava acontecendo com eles, mais do que uma grande música sendo feita. E eu acho que foi a isso que eu respondi.

Ainda no início do ano o U2 estampa a capa da Hot Press. Nesta edição, Bill Graham faz um artigo assustador prevendo o futuro da banda.

De alguma forma, eu não creio que o U2 será uma banda entre as mais previsíveis. Eles têm a originalidade e a vivacidade para fazer a sua contribuição especial ao rock irlandês. Mas a falta de derivações pode significar que eles tenham problemas de traduções na Grã-Bretanha... Curiosamente, eles podem ser mais acessíveis aos ouvidos da América.

Vendo que Paul McGuiness, empresário do U2, não se esforçava para levar a banda para fora da Irlanda, a própria namorada de Bono, Alison, junto com um amigo, foram até Londres em busca de gravadoras de músicas. Não contente com isso, Ali ainda pagou a viagem de Bono para a capital inglesa, já que o vocalista estava sem um tostão. No final, Bono acaba impressionando a Dave McCullough da revista "Sounds" e Chris Westwood da "Record Minnor".

Na metade do ano, o U2 realiza uma série de 6 shows lendários no "Dandelion Market", coração de Dublin, indo de maio a agosto. A plateia estava sempre lotada, muito mais agora com a adição de adolescentes que antes não podiam ver a banda em bares e clubes. Em um dos shows, Edge acaba ficando doente obrigando Bono a assumir o controle da guitarra sem largar a mão do vocal, claro. É claro também que algum problema haveria de ter. Logo no primeiro show, os sons do baixo de Adam e da guitarra de Edge desaparecem, fazendo com que Bono chame duas pessoas do público para tocar. Mas depois disso todos os outros shows foram melhorando. Paul McGuinness até chegou a dizer que a melhor maneira do U2 conseguir uma base de fãs é tocar ao vivo.

O empresário do U2 exigiu a retirada de todas as cópias da revista "Heat" depois que ela publicou um artigo dizendo que Paul McGuinness não era "bom para o U2", alegando que ele fraudou uma abertura de um grande concerto em Dublin, substituindo outra banda local pelo U2. A ação movida por McGuinness causa o fechamento da revista.

Chas de Whalley (de novo e ele será muito falado neste ano) assiste a shows na série de concertos "Christmas in June – The Jingle Balls", em Dublin, onde o U2 realizou quatro apresentações. Ao voltar para Londres, ele conversa com o dono da CBS e sugere um contrato com o U2. O contrato é assinado rapidamente. Feito isso, Chas planeja uma gravação da banda nos estúdios Windmill Land, em Dublin. Ele relembra a experiência de ver o U2 ao vivo:

Bono estava fenomenal. Mas a banda estava comum. Eles não foram bem. Porém Bono estava especial. Ele me lembrou um jovem Ian McKellen, o ator. Apenas me lembro de ver ele fascinado. E eu disse ao Howard, também da CBS, que este garoto será grandioso ou ele será o novo David Bowie. Ele tinha aquele tipo de coisa, que as pessoas simplesmente nascem com ela, elas não aprenderam.

Ainda no verão, Chas também assiste ao U2 tocar na área residencial de Howth para muitas crianças e avós, já que era uma comunidade. "Foi um show estranho, mas eles tocaram bem melhor do que a primeira vez que os vi", confessou ele.

Em agosto acontece o último show da série de seis que o U2 começou em maio, no Dandelion Market. Um momento muito importante para a banda. Fez do U2 o grupo a ser batido na Irlanda, ajudando os garotos a ganharem a imprensa e muito mais plateia. Bono e Larry relembram como foi:

Bono: "Foi brilhante. Você podia sentir a energia, sabia que alguma coisa estava acontecendo ali. Foi nosso momento ‘Beatles no Cavern Club’."

Larry: "As pessoas falam destes shows como lendários. Eles foram. Foi onde nós demos nossos passos."

Depois desse show, o U2 foi ao estúdio Windmill Land para começar a trabalhar com Chas de Whalley. Lá eles gravaram as seguintes músicas: "Out of Control", "Boy-Girl" e "Stories for Boys”, mas De Whalley não está satisfeito, chegando até a ter momentos tensos com Bono. Ele relembra as sessões de estúdio com o U2:

Em primeiro lugar, devo dizer que eu não era produtor. Eu realmente não tinha as habilidades diplomáticas ou pessoas diplomáticas ou técnicas diplomáticas para isso. Mas sim, tivemos uma situação difícil em "Out of Control". Larry estava fora do tempo e isso atrasava a banda toda. Eu dizia 'Isso não está bom o suficiente, vamos ter que fazer de novo.' e Bono dizia 'Você não pode estar certo. Larry teve aulas com o melhor baterista da Irlanda, ele não pode estar tocando errado!, e eu rebatia 'Sim, ele está!'

Nem De Whalley nem Paul McGuinness gostaram do resultado das mixagens das músicas que o U2 gravou em agosto nos estúdios de Windmill Lane. Devido a isso, o empresário do U2 precisou trazer Robbie McGrath, engenheiro de som do grupo Boomtown Rats, liderado por Bob Geldof, para fazer uma nova mixagem nas músicas do U2, antes do lançamento.

A banda participa em agosto do programa de rádio noturno de Dave Fanning na RTE, um membro por noite. Na ocasião, a rádio tocou todas as três canções que estarão presentes no EP "U2-3". Os membros da banda deixaram que os ouvintes escolhessem qual a canção que deveria estar presente no lado A do álbum. Eles acabaram escolhendo "Out of Control", single que a CBS lançaria apenas na Irlanda. Para a capa do álbum, o U2 contratou Steve Averill e o fotógrafo Hugo McGuinness. Eles seguiram a crença de Bono sobre o U2 representar as "cores primárias" do Rock and Roll, então, acabaram utilizando as cores preta e branca, cores que estiveram presentes em muitos momentos da carreira do U2.

A banda contrata também o escritor Dave McCullough e o fotógrafo Paul Slaterry para um futuro artigo na revista "Sounds". Eles fazem fotografias promocionais com Slaterry. Dave relembra como foi o primeiro artigo sobre o U2 fora da Irlanda:

O conjunto deles era brilhante. É sempre uma experiência desarmante viajar para fora de Londres e ver bandas relativamente desconhecidas assumindo o estrelismo e essa foi uma das ocasiões em que o U2 foi sólido, inovador, total, naturalmente destinados dos pés à cabeça... The Edge é o mais exuberante guitarrista que eu vi tocar desde Stuart Adamson dos Skids, criando um considerável e único nicho de som que se espalha pela música do U2 com um efeito cintilante, e, juntamente com a bateria de Larry e o baixo de Adam, formam o que a banda está procurando, isto é, um som amplo e de grande impressão.

McCullogh ainda inclui o U2 na lista das bandas e músicas que os escritores da revista "Sounds" estão mais ouvindo, como "Out of Control" e "Shadows and Tall Trees".

Edge volta aos estudos, cumprindo uma promessa feita no ano passado a seus pais, quando ele aceitou voltar a estudar depois de um ano de dedicação ao U2. Mas como o guitarrista está totalmente focado na banda, prestes a lançar seu primeiro single, Edge não se preocupa em comprar os livros necessários e, ao invés disso, pega emprestado os livros com seus colegas de classe. O "U2-3" é finalmente lançado na CBS irlandesa. Mil cópias de 12 polegadas são lançadas e esgotadas imediatamente. As cópias de 7 polegadas ficam duas semanas no "Irish Single Chart", atingindo 19º posição. Um pequena quantidade de cópias é importada para o Reino Unido, criando assim novas críticas e um novo público. Vendo o sucesso que o EP obteve, muitas gravadoras de Londres quiseram ver o U2 tocar ao vivo rapidamente, até que Muff Winwood, da CBS do Reino Unido propõe um contrato de singles com o U2, mas Paul McGuinness exije mais, na intenção de elevar ainda mais a banda. Tendo Muff dito que seria melhor que Larry fosse substituído, McGuinness não concorda, o que deixa ambas as partes com nenhuma condição de contrato. Chas de Whalley, também da CBS inglesa, fala sobre isso: "Paul queria um acordo de álbuns, do mesmo jeito que os Boomtown Rats tiveram... Isso deve ter sido em torno de 300 mil libras, e Muff não estava convencido sobre eles."

Em outubro, o U2 tem seu primeiro show transmitido pela televisão no canal RTE, além de ser capa da revista "Hot Press" pela primeira vez, com o título "Boys in Control", onde pode se encontrar uma entrevista feita com a banda. Questionado por que o grupo é tão sério, Edge responde:

É uma história cômica. Nós não tivemos, talvez, muito humor, mas temos humor suficiente em nós mesmos. Isso se desenvolverá na música. Estamos conscientes que não vamos mudar o mundo nem vamos mudar nada. Mas se nós pudermos alcançar algo nas pessoas...

Ao ver sua foto na capa da revista, Bono ainda brinca: "Até que parecemos uma banda de rock". McCullough volta a mencionar o U2 na revista "Sounds", listando o "U2-3" como um de seus singles preferidos. Como se não bastasse a banda ser capa de uma revista, acabaram sendo capa de duas. A outra foi a revista britânica "Record Mirror", sendo a primeira capa da banda fora da Irlanda. Bono fala sobre o fato: "Eu quero que as pessoas em Londres vejam e ouçam a banda. Eu quero substituir as bandas das paradas agora, porque eu acho que somos melhores."

Bryan Morisson, empresário do Pink Floyd, pagou 3 mil libras ao U2 pelos direitos de publicação de suas músicas. Não é muito, mas o U2 precisa da grana para poder ir à Inglaterra no intuito de realizar shows para conseguirem impressionar alguém, afim de um contrato musical por lá. A banda acaba rejeitando a oferta de Morrison e acabam pedindo empréstimo de família e amigos para poderem ir ao país da rainha.

Edge e Adam acabam sofrendo um pequeno acidente de carro quando estavam indo ensaiar, em Dublin. A mão de Edge sai pelo vidro. Não foi nada grave, mas isso afetaria seu desempenho nos shows seguintes. Isso aconteceu apenas um dia antes de irem para Inglaterra, sendo que o guitarrista ainda tinha gelo nas mãos durante a viagem de ida à Liverpool. Ao chegar, Edge foi imediatamente para o hospital, onde recebeu curativos e medicação, como morfina, para parar a dor intensa. Em um quarto de um apartamento alugado por Paul McGuinness e com a mão engessada, Edge pega sua guitarra e treina uma forma de poder tocá-la com a mão daquele jeito.

E, finalmente, no dia 1 de dezembro desse ano, a banda faz seu primeiro show em Londres, pela "U2-3 Tour". Dave McCullough, depois de ver Edge tocando com a mão machucada, relata: "a mais refrescante música pop que eu ouvi neste ano, um som de guitarra cintilante, um ritmo de baixo flexível e uma melhora na voz de Bono." Já em um outro show na capital da Inglaterra, distrito de Islington, a banda passou por apuros. Tocando apenas para nove pessoas e na presença de olheiros de gravadoras, Edge acaba arrebentando uma das cordas de sua guitarra e sai do palco. Sem um guitarrista, a banda faz o mesmo e o show acaba. O nome do U2 é erroneamente escrito nos anúncios do show que realizariam em outro distrito de Londres, Convet Garden, como "V2". Anteriormente, no show em Islington, a banda também teve seu nome alterado para "The U2’s". Não bastando isso, modificaram o nome mais uma vez, posteriormente, no show em Canning Town. Isso tudo, claro, deixa-os bem longe de alguma possibilidade de um contrato de gravação oficial.

O U2 realiza mais algumas sessões de fotos com Paul Slattery, que subornou a banda para fazer isso em troca de uma boa refeição. As fotos são tiradas no apartamento alugado do grupo, na casa do próprio Slattery e no rio Tâmisa. Eles terminam a sequência desastrosa de shows em Londres, onde definitivamente a sorte não estava do lado deles. Enquanto a banda pensa que realizaram shows ruins quando haviam olheiros assistindo e shows bons quando não haviam ninguém, porém Rob Partridge, da Island Records, foi talvez o único que realmente viu um daqueles bons shows e que estava já mexendo seus pauzinhos em relação à banda.

Com as cordas vocais prejudicadas devido à intensa série de shows realizados nos últimos dias, Bono é forçado a tomar remédios de mel e limão para aliviar a irritação, uma vez que Chas De Whalley leva a banda ao estúdio para gravarem mais músicas, tais como "Another Day" e "Pete the Chop", onde a banda espera atrair a atenção de alguma gravadora para assinarem um contrato. De Whalley acha que "Pete the Chop" tem tudo para ser a canção que atrairá a CBS para a realização de algum contrato, mas a banda decide desistir da faixa, alegando não terem gostado do resultado. Ao voltarem para Dublin, a banda repensa em tudo e, apesar dos pesares, acham que a turnê em Londres foi um sucesso e que conseguiram marcar presença no Reino Unido.

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