Páginas 21 a 24 - THE EDGE
Quase todo mundo me chama de Edge, ou The Edge se for uma ocasião formal. Eu sou o David Evans apenas para pessoas que não me conhecem direito, oficiais da imigração e coisas desse tipo.
Eu nasci em 8 de Agosto de 1961 em um hospital maternidade em Barking, na margem nordeste de Londres, então de alguma forma eu posso ser considerado um garoto de Essex.
Meus pais são do País de Gales, ambos de Llanelli, uma cidade no coração do sul industrial. Em Llanelli é tudo sobre dinheiro e rugby, tudo sobre essa cidade é cinzento e rígido. Eles se mudaram para Londres logo após se casarem, na metade da década de 50 e iniciaram uma família. Primeiro eles tiveram meu irmão Richard, que muitos conhecem por Dik, e depois eu. Meu pai, Garvin, um engenheiro, começou trabalhando para a companhia local de eletricidade e depois aceitou um trabalho em uma companhia elétrica chamada Plessey’s. Nós morávamos em Chadwell Heath nessa época, mas eu não me lembro de nada desse lugar. Depois, no começo de 1962 meu pai recebeu uma proposta de promoção e transferência, então meus pais decidiram deixar Chadwell Heath e iniciar uma nova vida do outro lado do Mar da Irlanda. Nós mudamos para a Irlanda quando eu tinha 1 ano. Minhas lembranças mais antigas são da nossa casa na pequena vila litorânea de Malahide e depois em um sonolento e pequeno subúrbio em Dublin. Era um lugar de refúgio e bom para criar crianças, mas um lugar que eu sempre tentava escapar quando tinha a oportunidade. Assim que eu aprendi a andar tudo que eu queria fazer era fugir. Eu era extremamente curioso e tinha um amigo, Shane Fogarty, que eu sempre tentava encontrar. Eu não sabia ao certo onde ele morava e a minha mãe me pegava, com 2 anos, no meio da cidade procurando pela casa dele. Para que eu conseguisse escapar com sucesso eu tinha que cronometrar as coisas no tempo certo, eu esperava até minha mãe estar descansando, então eu arrastava um banco até a porta da frente, destrancava e lá ia eu.
A vila era colina abaixo, então meu pequeno triciclo era um meio de transporte muito eficiente. Se eu conseguisse chegar até o final da área da garagem eu facilmente ganhava da minha mãe, porque ela estava grávida na época. Durante a infância eu tinha dois sotaques diferentes, um eu usava para me comunicar com a família, com um suave ritmo de Galês, e o outro para os meus amigos, misturando elementos do meu sotaque Galês, que eu não conseguia evitar, com minha melhor tentativa de imitar o sotaque Irlandês local. Eu acho que deve ter sido uma combinação bem estranha. A razão para essa dupla identidade era basicamente para ser entendido e também aceito pelos meus colegas. Mais tarde eu descobri que meu pai tinha feito a mesma coisa quando tinha 4 anos e morava em Londres. Ele oscilava entre o Galês e o ****ney (dialeto falado na Londres oriental).
Eu era um bebê muito fofo, eu vi as fotos. Mas quando eu tinha mais ou menos 5 anos algo começou a acontecer que mudou minha aparência radicalmente. Não estou falando de acidentes ou algum caso clínico, mas uma transformação gradual. E também não quero dizer que eu me tornei uma das crianças mais feias, mas minha aparência começou a alarmar adultos que me viam pela primeira vez e despertou olhares de desapontamento dos meus pais.
Minha cabeça cresceu, muito rapidamente para um tamanho absurdamente grande. Não era uma cabeça desproporcional, em alguns contextos era até bem bonita, mas com esse crescimento incomum, eu comecei a parecer com o garoto da capa da revista MAD. Juntamente com a cabeça vieram os dentes, ou especificamente os meus dois dentões da frente. Quando eles apareceram saltando das minhas gengivas eu sabia que algo estava errado. O tamanho deles era óbvio desde o início, e eles cresceram de uma forma terrivelmente inevitável. Não importava o que eu fazia com a minha boca, não tinha como escondê-los, então quando eu tinha 7 anos, o look completo da revista MAD estava pronto.
Tudo se tornava mais difícil porque meu melhor amigo Shane, uma pessoa de quem eu era praticamente inseparável desde que tinha 2 anos, lembrava muito o Paul Newman quando era jovem, completo com dentes perfeitos e olhos azuis de cornflower (uma flor azul, conhecida no Brasil vulgarmente como escovinha). Ele sabia disso, assim como todo mundo também sabia. Um ano mais velho que eu, o Shane era super popular, um grande atleta e de alguma forma meu oposto. É engraçado como até quando se é criança dá para perceber essas coisas. Eu passei por anos de formação (época em que o caráter e conhecimento de uma criança estão sendo formados) como o famoso patinho feio, com o meu amigo Shane como um lembrete constante de que eu não era nada especial. O resultado foi que cresci ainda mais tímido e estranho. Eu acho que esse tipo de experiência ou te constrói ou te quebra. E no meu caso, ter uma família que me apoiava muito ajudou bastante. Eu não percebia isso na época.
Meus pais tinham uma conexão cultural muito forte com o país de Gales. Minha mãe Gwenda foi quem praticamente nos educou, então fomos criados com as clássicas influências Galêses: canto, rugby, igreja aos Domingos, uma certa sobriedade e um péssimo gosto para roupas. Mas, enquanto eu crescia, fui assimilando e me tornando Irlandês, assim como meus pais também de algumas formas.
O que nos levou para a Irlanda em primeiro lugar foi o apreço que meus pais tinham pelo jeito irlandês de se viver: o que é conhecido localmente como ‘the craic’, ou simplesmente, ‘saber como se divertir’. Não tinha nada de ‘craic’ nos vales do país de Gales ou na cidade de Llanelli. Chadwell Heath também não tinha nada de divertido. Mas meus pais tinham morado durante algum tempo no norte da Irlanda no início da década de 50 enquanto meu pai trabalhava para o Serviço Nacional, situado em Eglinton, próximo a Esquadra Armada da marinha, e eles se divertiram muito.
Divertiram-se tanto que quando meu pai fopi promovido e pode escolher entre gerenciar uma filial da Plessey’s em Dublin ou Manchester, eles decidiram sem hesitar por Dublin, acreditando que Dublin seria mais ‘craic’ do que Manchester. Com certeza eles estavam certos.
Como meu pai não é um homem que gosta de perder tempo, no primeiro Sábado depois de começar no novo trabalho ele comprou a casa onde moraríamos pelos próximos 40 anos. Meus pais são bem fáceis de se lidar em muitos aspectos, não se interessam pelas coisas pequenas do estilo de vida burguês. Ambos sofrem um pouco de angústia, o que é uma doença do País de Gales, mas no geral são pessoas bem positivas. Meu pai é muito competitivo, ele é muito trabalhador e gosta de estar sempre ocupado. Ele nunca gostou muito de feriados. Ele tentava, mas era óbvio que ele preferia estar em casa desenvolvendo um sistema de ar condicionado para um shopping. Ele nunca conseguia ficar parado. Tomar banho de Sol na praia seria uma indescritível e abominável forma de tortura para meu pai. Por outro lado, minha mãe é bem mais tranqüila e tinha um lado mais preguiçoso, mas de vez em quando a angústa Galês tomava conta e ela perdia a calma. Então, quando éramos crianças, não havia uma atmosfera muito rígida de disciplina, mas ocasionalmente nós passávamos dos limites e havia uma punição severa. No geral, não tinha como sermos mais felizes e apoiados. Minha irmã Gillian nasceu em 1963 em uma casa dominada pelos homens. Demorou um pouco para nos acostumarmos com ela. Eu me senti bem chateado quando ela chegou. Até então eu era a maçã dos olhos da minha mãe, ou pelo menos até minha grande cabeça começar a crescer. Eu não era sempre muito gentil com a Gill, nos primeiros anos eu a aceitava com má vontade. Eu superei isso, e com o passar do tempo começamos a nos entender muito melhor.
Meu irmão e eu nos entendíamos muito bem, além de termos senso de humor e aparência muito similar. Nós saíamos juntos, criávamos vários tipos de explosivos caseiros, bombas de gasolina, fogueiras...íamos a passeios com nossos amigos em caminhões de entulho emprestados de construções locais, esse tipo de coisa. E se as outras pessoas não nos entendiam, nós entendíamos um ao outro. Nós éramos um pouco difíceis de lidar, mas éramos gentis e amigáveis. Era uma mistura de curiosidade, loucura, falta de controle rígido dos pais, e acesso a um laboratório de química da escola super abastecido que nos levou a esses experimentos, algo para quebrar o tédio dos subúrbios de Dublin na década de 70.
Nossa casa era a clássica dos subúrbios da década de 60, 3 quartos e um banheiro e meio. Meu pai se achava um faz-tudo, e com um pouco de ajuda ele construiu alguns cômodos a mais. Um, no final do jardim era usado como galpão, e mais tarde se tornou o local de ensaio da banda. Era um lugar pequeno, de 3 por 3 metros. Foi lá que um dos primeiros experimentos dos irmãos Evans com uma bomba de gasolina acabou dando errado. Meu irmão ainda tem a cicatriz. O outro cômodo era uma pequena oficina, do lado de fora da casa, cheia de partes e pedaços de aparelhos eletrônicos velhos, pedaços de madeira, latas com pregos, porcas e parafusos. Nós gastávamos horas desmontando ou montando coisas. Meu irmão era um prodígio de eletrônica. Ele construiu uma guitarra muito boa do zero com Barry O’Connell, um amigo do fim da rua, seguindo instruções de uma revista de eletrônica. Essa guitarra foi o auge de união de nossas fascinações: rock e bugigangas eletrônicas.
Tinha muita música na nossa casa. Eu amava ouvir qualquer música que eu pudesse, de qualquer origem. Quando eu tinha 2 anos, minha mãe costumava ligar a televisão para que eu pudesse tocar bateria –agulhas de tricô e latas de biscoito- junto com as músicas. Eu me lembro vividamente do profundo arrepio de ouvir pela primeira vez um coral cantando em perfeita harmonia numa manhã de Domingo numa capela no País de Gales, em uma de nossas peregrinações anuais para lá.
Foi uma experiência religiosa através de música. Infelizmente a nossa igreja em Malahide fez questão de preservar todos os entediantes aspectos do presbiterianismo e, apesar de grandes esforços dos meus pais – uma respeitável contralto e um excelente tenor - e do restante do pequeno porém entusiasmado coral, a música nunca se aproximou. Meu primeiro contato com o rock foi durante um Natal, assistindo o filme ‘A Hard Day’s Night’ dos Beatles na televisão. Eu fiquei muito impressionado e achei que eles fariam sucesso. Isso coincidiu com o meu irmão ter comprado uma pequena vitrola. Começamos a comprar álbuns juntos. O primeiro que compramos foi ‘Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band’ e o segundo foi ‘A Hard Day’s Night’. Eu quis comprar mais um dos álbuns antigos dos Beatles; Richard queria comprar um dos mais recentes. Entramos num empate e concordamos em comprar o recém lançado álbum do Ringo Starr ‘Sentimental Journey’. Foi ai que eu percebi que alguns álbuns são melhores que os outros.
Minha mãe deve ter suspeitado que eu tinha um ouvido para música porque ela comprou uma pequena guitarra espanhola quando eu tinha 7 anos. Para mim, isso foi completamente fascinante. Eu não conseguia tocar, eu nem sabia como segurá-la, mas era tão legal – isso eu sabia. Eu andava com ela e fingia, para os garotos ingênuos da minha rua, que eu conseguia tocar. A primeira guitarra foi para mim um pouco mais que um brinquedo. A primeira guitarra de verdade que entrou em nossa casa foi comprada pela minha mãe em um bazar por uma libra. Nunca na história dos bazares de Malahide uma libra foi tão bem gasta e trouxe tanto em retorno. Eu acho que ela foi comprada para meu irmão, mas nós dois praticávamos por horas. Era difícil, mas ela tocava no ritmo e quando nós trocamos suas cordas enferrujadas por cordas de nylon da guitarra espanhola soava suficientemente decente. Eu aprendi minhas primeiras notas nessa guitarra, ensinadas com eficiência pelo Richard, e logo eu comecei a aprender como tocar músicas inteiras.
Eu me interessei pelo fato de descobrir que podia fazer várias coisas com aquele instrumento e deixei todo mundo em casa maluco tocando o tempo todo, enquanto fazia todos os tipos de outras tarefas. Eu conseguia comer uma torrada e tocar guitarra, me vestir sem errar uma nota. Eu tocava toda noite enquanto o resto da família assistia televisão, era como uma trilha sonora para os filmes mudos. Minha mãe desistiu de gritar para que eu parasse, e costumava me bater com uma vareta. Nem isso adiantava. Eu tinha 12 ou 13 anos nessa época, e a nossa coleção de discos tinha aumentado para incluir álbuns do Slade e Alice Cooper.
Junto com os álbuns dos Beatles compramos uns do Led Zeppelin, Creedence Clearwater Revival, Rolling Stones, Jimi Hendrix, David Bowie, Yes, Rory Gallagher e Taste. Eu descobri Derek and the Dominos enquanto passava um tempo com meus primos mais velhos em Blackpool. É difícil explicar a importância da música para as crianças na nossa área. Não existia nada tão importante em termos de construir sua identidade. Eu tinha altas discussões com meus amigos sobre quem era a melhor banda do mundo, ou qual era o melhor álbum já feito. Os programas de música Top of the Pops e The Old Grey Whistle Test eram considerados imperdíveis. As revistas britânicas NME e Sounds eram lidas na íntegra, cortesia do nosso amigo Fergus Crossan, que trabalhava e podia comprar esses luxos. Nessa época eu comecei a ter aulas de piano, mas não era o que eu queria. Eu não conseguia me interessar por aprender lendo partituras quando podia pegar a guitarra e aprender só de ouvir. Com apenas algumas notas eu conseguia tocar minhas músicas preferidas do Slade, T-Rex e Beatles. A gente se juntava com alguns colegas, Shane e os irmãos O’Connell, e tocar um pouco. A gente se encontrava no final da rua, literalmente parados na esquina com algumas guitarras tocando e cantando músicas dos Beatles, T-rex, Simon and Garfunkel ou qualquer coisa que alguém tivesse aprendido. Tinham sempre algumas garotas por perto para tornar mais interessante. Tudo isso era considerado um avanço positivo. Pelo menos não estávamos mais explodindo coisas.
Minha educação primária foi na Escola Nacional St. Andrew’s, uns 5 minutos andando de casa. Meu irmão era bem inteligente e sempre se dava bem. Minha irmã sabia soletrar e era boa em Irlandês. Os professores tinham boas esperanças para ela também, mas eu não era exatamente um super realizador. Eu era incansável e estava sempre fazendo coisas idiotas. Eu estava sentado em uma mesa velha no fundo da sala de aula e demonstrando grande estupidez um dia eu escrevi meu nome em cima. Eu acho que fiquei até impressionado com o talento inesperado de detetive do meu professor quando eu fui imediatamente identificado e punido como o culpado. Eu estudei em St. Andrew’s durante um curto período com o Adam. Ele tinha o cabelo muito curto, usava óculos e tinha os dois dentes da frente muito grandes, como os meus. Adam era um ano e meio mais velho que eu e estava uma série na minha frente, mas eu me lembrava vagamente dele porque Malahide era uma cidade pequena. Depois ele foi transferido para uma escola mais chique. Então ele sumiu do mapa quando eu tinha uns 7 anos e não nos encontramos de novo até ele aparecer em Mount Temple.
Meu melhor amigo Shane estava na minha turma em St. Andrew’s. Eu era um ano mais jovem que o resto da turma e foi decidido no final do ano que eu não tinha idade suficiente para me formar. Shane seguiu em frente para uma escola maior e nós meio que perdemos contato. Eu o encontrei um dia logo depois que ele começou a estudar em Mount Temple e ele me contou sobre esse garoto maluco na turma dele chamado Paul Hewson. Ele parecia dividir o nosso interesse por explosivos: teve uma historia sobre um pequeno incêndio e pedaços de cápsulas de armas retirados do lugar de construção do que ia ser nosso novo colégio. Então eu ouvi falar sobre o Bono alguns anos antes de conhecê-lo. Pode se dizer que a sua reputação o precedia.
Mount Temple era uma grande mudança da pequena escola que eu estava acostumado. Era uma escola grande, multi-denominacional, co-educacional que incluía algumas vizinhanças muito barra pesada. Eu até saia com alguns garotos barra pesada da minha área, mas era um nível de barra pesada muito maior nessa nova escola. Foi minha primeira entrada no grande ‘mundo lá fora’ e algumas lições sobre não julgar as pessoas pela aparência tiveram que ser aprendidas. Os garotos com a aparência barra pesada nem sempre eram os mais barra pesada. Ainda bem que os dentes grandes e a cabeça começaram a balancear naquela época. Eu me encaixava bem, mas por ser um pouco tímido e ter um massivo complexo de superioridade eu penso nos meus primeiros anos em Mount Temple como o ‘período solitário’. Eu descobri que ser solitário e ter um complexo de superioridade funcionam bem porque sua destorcida auto-imagem nunca é contestada por se envolver de qualquer forma com o resto da humanidade. Apesar dos meus instintos solitários eu até fiz alguns bons amigos, principalmente John Lawlor e Stephen Balcombe. Steve era um jogador de futebol talentoso e acabou jogando por algum tempo no Leeds United. O John não era tão empenhado, mas era conhecido por ser uma pessoa muito legal. Eles me convidaram Um dia para o Skerries para assistir um show do Horslips, uma banda de rock muito popular na Irlanda. Foi o primeiro show ao vivo que assisti e foi de tirar o fôlego ver uma banda no palco. David ‘Barney’ era outro dos meus amigos em Mount Temple, ele era um baterista que me disse que tocava em uma banda de garagem. Quando eu fui a casa dele e os vi praticando eu fiquei absolutamente maravilhado. Eu sabia que tinha que entrar para uma banda. Eu senti que tinha encontrado meu nicho. Foi assim que conheci um pouco o Bono. Eu já tocava guitarra há algum tempo e o vi em algum lugar, em um dos recreios, sentado com uma guitarra e um livro de músicas dos Beatles tentando impressionar umas garotas.
Quando elas saíram, nós conversamos um pouco sobre notas e em que ritmos eu sabia tocar. Isso foi no segundo ano. Ele devia ter uns 15 anos e eu uns 14. Não nos demos muito bem, mas eu não pude deixar de observar que eu tocava muito mais que ele e mesmo assim ele era mais popular. Eu fiz uma anotação mental que talvez o jeito que você carrega a guitarra era tão importante quanto o quão bem você sabe tocá-la.
Antes do novo ano na escola, no verão de 1976, minha mãe disse ‘você lembra do Adam Clayton? Ele vai para a sua escola esse ano’. Eu estava procurando pelo Adam e foi literalmente no meio do ano que eu percebi que o hippie estranho que usava um cabelo afro e um casaco Afegão era de fato o garoto com os dentões que eu tinha conhecido quando tinha 7 anos. Eu já o tinha visto, mas pensei que ele estava na série depois da minha porque ele sempre estava atrás do laboratório de ciências com o resto da fraternidade dos fumantes. Era tudo muito boêmio naquela época e muito legal. De qualquer jeito, eu não percebi que ele estava na minha série até depois de formarmos a banda. O Larry eu já tinha visto. Você pode não saber o nome de todas as pessoas na série abaixo da sua, mas eu sabia quem ele era. Então, um dia meu professor de música Albert Bradshaw disse que o Larry Mullen tocava bateria e queria formar uma banda.