1994/1998 – Some Days are Better than Others

Páginas 270 a 283

Larry: A turnê foi agendada antes do álbum ficar pronto, um coisa muito estranha de se fazer depois de tantos anos trabalhando nesse ramo. Imagine ter que viajar por todo o mundo promovendo um álbum que você sente que não está acabado. Se nós tivéssemos dois ou três meses a mais de trabalho, teríamos feito um álbum muito diferente. Eu gostaria de poder algum dia trabalhar novamente essas músicas e dar a atenção e o tempo que elas merecem. É um tipo de U2ismo, que eu não consigo me livrar, e não consigo me livrar desse álbum.

Edge: Nós terminamos o álbum com o Flood produzindo, lutando para mudar as características do álbum, não tendo tempo nem recursos e de alguma maneira, não tendo o material para fazer o trabalho apropriadamente. Era um projeto de compromisso no final. Foi um período muito doido tentando mixar tudo, acabando de gravar e tendo encontros com os produtores sobre a turnê que já ia começar. Nós estávamos queimando a nossa vela pelas duas pontas e pelo meio também. ‘Discotheque’ foi escolhida para ser o primeiro single e a mixagem durou por dias. Se você não consegue mixar alguma coisa, geralmente significa que tem alguma coisa errada com isso. Nós masterizamos em Nova York e o Howie adicionou alguns efeitos em ‘Discotheque’ enquanto eu gravava backing vocals extras na sala de controle sobre a mixagem de ‘The Playboy Mansion’, o que era completamente inaudível. É uma loucura absoluta.

Paul: Pop sempre é descrito como o álbum que não teve tempo suficiente para ser terminado. Na verdade, ele levou um grande tempo. Eu acho que ele sofreu passando muito tempo cozinhando. Tinha tanta gente com a mão nesse álbum, que não foi uma surpresa para mim ele não ter ficado tão claro quanto ele deveria ser. E havia muitas distrações. Essa foi também a primeira vez que eu achei que a tecnologia estava ficando fora de controle. Quando as pessoas ficavam tentando decidir entre a mixagem 26 ou 27 de alguma coisa, o grande leque de possibilidades deixava as pessoas paralisadas. Pessoalmente eu não gostei do título do álbum. Eu não tinha certeza do quão irônico se podia ser no rock ´n` roll e eu suspeitava que não se podia ser tão irônico assim. Chamá-lo de Pop passou a mensagem errada. Ele não era um álbum pop, era um álbum moderno, mas o U2 ainda era uma banda de rock.

Edge: Nós fizemos o clipe de ‘Discotheque’ fantasiados de Village People. Isso foi uma piada. Eu tive uma certa preocupação porque algumas vezes esse tipo de brincadeira pode ter alguma retaliação. Eu acho que nós nos livramos disso, mas esse foi outro ponto de partida entre a banda e alguns fãs norte-americanos. Eu acho que quando você é um fã de rock com dezessete anos de idade do meio oeste, mas simplesmente não quer ver a sua banda favorita atuando como um dançarino de disco. Eu gosto de pensar que nós estávamos perigosamente fora de controle. É um grande vídeo, e já foi copiado várias vezes depois disso.

Bono: Foi difícil conseguir fazer o Larry se transformar num integrante do Village People. Mas ele está confortável com o seu status de ícone gay e quase pronto para dar risadas sobre tudo isso. A ênfase é no ‘quase’.

Larry: Isso foi um certo esforço. E isso é um mal entendido. Eu gosto do nome Pop, da capa e do encarte, mesmo que não tenha nenhuma semelhança com o conteúdo do álbum. Nós reconhecemos que para continuar como uma banda e seguir em frente, tínhamos que explorar novas idéias e tomar novas direções. Você tem que escutar o que está acontecendo ao seu redor. Nós estávamos atravessando um território desconhecido e parecia como se estivéssemos patinando no gelo, mas eu acho que o nosso instinto estava certo. Eu só não acho que a execução foi do jeito que deveria ter sido.

Paul: Nós tínhamos grandes ambições para o Pop. Queríamos que a produção fosse maior que a da Zoo TV. A banda também ia deixar os preços dos ingressos encontrar o mercado pela primeira vez. Nós tínhamos encerrado a parceria com os nossos agentes, assim iríamos entrar em turnê de uma forma diferente. Foi um processo doloroso. Tínhamos que contar para os nossos grandes amigos, Ian Flooks e Frank Barsalona, grande homem que tinha nos apoiado desde o começo, que eles não iriam mais trabalhar com a gente. Não que nós estivéssemos contratando outros agentes, nós simplesmente não íamos mais ter agentes. Construímos um novo paradigma para a turnê, onde nós deveríamos vender toda a turnê para um único promotor em um acordo onde nós dividiríamos o lucro da turnê, mas eles deveriam arcar com os custos e nos dar alguma garantia. Exigimos que a turnê mundial deveria ser feita toda em lugares abertos, em estádios, e com cerca de cem shows. Nos encontramos com Michael Cogl e Arthur Fogel em Toronto, que eram na época chamados de TNA. Algum tempo depois, eles venderam a sua companhia para o Clear Channel, uma grande corporação que trabalha no ramo de rádios e em vários outros ramos também. O Arthur ficou para comandar a Clear Channel Touring, com quem nós fazemos as nossas turnês agora. Na verdade, agora nós estamos trabalhando com várias pessoas de antes, porque a maioria dos principais promotores na América e na Europa foram comprados pelo Clear Channel no final dos anos noventa. O que tudo isso significa no mundo dos negócios é bem fundamental: se você está fazendo uma grande turnê com um alto custo (e nós estávamos rodando a PopMart com o orçamento estourando cerca de dois mil dólares por dia) e se um dos shows não dá certo ou um dos promotores não faz o pagamento, isso pode arruinar todo o resto da turnê. Com esse novo acordo, nós não estávamos mais correndo esse risco. Toda a turnê mundial é uma única transação.

A PopMart foi um produção espetacular. Estávamos preparados para comprar qualquer nova tecnologia que as nossas mãos podiam alcançar. O Willie Williams apareceu com a idéia desse grande telão assimétrico, que foi desenvolvido por algum gênio em Montreal que fez grandes mapas iluminados para redes de ferrovias e plantas nucleares. Nós tínhamos uma nave com formato de limão, toda espelhada, por onde a banda entrava no palco. A grande vareta de cocktail e o arco amarelo no estilo do McDonald foram todos projetados para ser uma grande pancada sobre a seriedade do rock ´n` roll e ironicamente ridicularizar a superficialidade da cultura pop. Nós tínhamos o nosso bolo e estávamos comendo-o, eu acho. Todas essas coisas que deveriam ser divertidas acabaram sendo mal interpretadas por vários membros da nossa audiência, muitos dos quais, até os dias de hoje, provavelmente acham que a McDonald patrocinou a turnê.

Edge: Nós realmente não estávamos no mesmo compasso que a América e isso se tornou mais evidente quando começamos a vender a turnê. Esse era o peso do grunge, a cena do rock pesado de Seattle, a qual (não levando em consideração os verdadeiros inovadores, como o Nirvana), eu devo confessar, era insuportavelmente chata. Nós estávamos explorando novas idéias musicais, mas o que nós não gostávamos era o quanto isso ia ser difícil para qualquer um na América que fosse apaixonado pela música rock ir aonde nós estávamos indo. A cultura dance existia num nível muito underground nos Estados Unidos. Os gêneros musicais geralmente não se misturam, porque a rádio é extremamente polarizada. Você tem estação de R&B, estações de rock, estações alternativas, estações de dance, enquanto que em rádios do Reino Unido ou da Irlanda, você escuta várias combinações desses diferentes gêneros. Então, em termos de imagem e estética, nós estávamos completamente fora dos padrões dos nossos fãs americanos. O Pop é, de fato, certamente um álbum de rock ´n` roll, mas certamente não é um álbum grunge. Quando lançamos o álbum em março de 1997 e colocamos os ingressos à venda, as rachaduras começaram a aparecer. Nós não estávamos tendo o apoio que estávamos acostumados a ter das rádios. Os críticos estavam divididos. O que se falou foi que essa não era a nossa melhor hora. Para fazer as coisas ficarem ainda pior, na tentativa de alcançar níveis ainda maiores de ironia, nós fizemos uma coletiva de imprensa para lançar a turnê da PopMart em um K-Mart em Nova York, uma cadeia de supermercados bem barata.

Bono: Muito Andu Warhol da nossa parte, nós achamos. Quão esperto, quão engraçado. Mas a nossa música não é tão de se jogar fora, um denominador comum, estereotipada ou fora de contestação. Anos depois, uma pessoa muito inteligente que eu conheço, estava falando sobre como o K-Mart patrocinou a nossa turnê. As pessoas realmente não entenderam a piada e pensaram que o U2 estava se vendendo.

Edge: Obviamente havia uma grande falta de interesse na América. Eu não acho que nós tínhamos que cancelar os nossos shows, mas certamente não pretendíamos vender todos os ingressos. De repente nós sabíamos que teríamos trabalho para trazer o nosso momento de volta.

Paul: Nós estávamos enfrentando uma penosa batalha desde o começo. E quando o primeiro show aconteceu em Las Vegas, ele não foi muito bem ensaiado e muito da tecnologia usada não estava funcionando adequadamente.

Adam: A tecnologia do telão (que envolvia diodos de luzes 3D) estava apenas começando a ser desenvolvida. Nós achávamos que se afastássemos os LEDs, poderíamos dobrar o tamanho da imagem, então, com essa aposta matemática nós criamos o maior telão do mundo. Ele tinha 150 pés (46.50 metros) de largura e 50 pés (15.50 metros) de altura, dez vezes maior que o telão da Zoo TV. Havia uma grande influência do Andy Warhol, Claes Oldenburg e Roy Lichtenstein na montagem do palco, realmente brincando com a noção da música pop, arte pop e cultura pop. O arco do McDonald foi uma forma de dar apoio à PA*. Em um show normal, você tem a PA em ambos os lados do palco, mas aqui era bem no meio. Era uma elaborada peça de engenharia que mantinha esse senso de diversão, referenciando aos conceitos de supermercado e shoppings. O limão era um grande brinquedo, ele podia girar e abrir e nós saíamos de dentro dele. Era uma peça cafona, mas uma forma de dar uma parada no show. E literalmente parou o show em uma ocasião, quando ele não abriu e nós tivemos que sair pela porta de emergência.

Bono: Nós pensamos, vamos começar em Las Vegas, com os seus monumentos ao consumismo, a cidade mais iluminada do planeta. Claro, se nós tivéssemos pensado um pouco mais sobre isso, teria nos ocorrido que esse seria o único lugar no mundo onde uma nave espacial gigante em forma de um limão com quarenta pés (12.40 metros) de altura, não seria muito estranho, isso pareceria normal.

Paul: Nós estávamos em algum tipo de descobertas, tem uma coisa chamada Desert Throat, que todos os músicos profissionais de Las Vegas conhecem. Claro que você não consegue isso se estiver numa sala de cabaré do Golden Nugget com o ar condicionado ligado. Você consegue isso se estiver do lado de fora, num estádio de futebol no meio do deserto. Bono conseguiu isso.

Bono: Isso revelou a minha alergia à vegetação do deserto. Então lá estava eu, correndo no deserto, perguntando porque a minha voz estava ficando cada vez pior.

Adam: O telão verdadeiro chegou no final do dia. As roupas chegaram na noite anterior ao show. Nós ainda estávamos tentando descobrir como tocar as músicas. Esse era um material que tinha sido gerado no ambiente de um estúdio e nós não tínhamos nenhuma pista de como fazer essas músicas funcionarem ao vivo. Ao mesmo tempo que nós estávamos lutando com o novo conceito de PA, que estavam sobre as nossas cabeças, o que produzia todos os outros tipos de problemas sonoros, porque você conseguia estranhas ressonâncias, estávamos tentando descobrir como usar aquele palco. O primeiro show foi muito ruim. Nós realmente fracassamos com a montagem.

Bono: Você praticamente podia escutar o nosso balão estourando. Isso não era sem humor. Durante ‘Discotheque’, tendo emergido da nossa nave mãe e descendo as escadas como quatro estrelas do rock alienígenas. O Edge não conseguia ver os seus pedais através da fumaça. ‘Eu estou aqui’, ele gritava enquanto o Adam tentava sair do meio da fumaça.

Paul: Um dos problemas do nosso trabalho foi a nossa primeira noite. Não importa o lugar que fosse, isso ia ser criticado pela imprensa mundial. Você não tem o privilégio que eles têm no teatro, de vários ensaios e pré-estréia, antes dos críticos assistirem. Você simplesmente tem que manter o nível. Eu não tenho muito prazer em me recordar de toda aquela campanha. Houve muito mau humor associado com a turnê. Quanto mais difícil ficava, mais os modos das pessoas se deterioravam.

Adam: Nós gastamos muito tempo daquela turnê revisando as músicas. Ensaiávamos sempre que podíamos. Íamos para o estúdio para remixar e regravar as músicas para os singles. Nós trabalhamos muito duro para virar o jogo.

Edge: Levamos até quase a metade da turnê para descobrir como iríamos montar o show. Mas quando conseguimos foi realmente incrível. Nós reorganizamos muitas músicas. Excluímos ‘Do You Feel Loved’ bastante cedo. ‘Discotheque’ foi intensamente reestruturada. ‘Staring At The Sun’ foi despida e se tornou apenas um dueto acústico. ‘Gone’ tinha um novo trecho de guitarra. ‘Velvet Dress’ estava mais pesada e mais direta. ‘Mofo’ quase se tornou um rock pesado. ‘Miami’ ficou mais densa. As únicas que sobreviveram no que você pode chamar de arranjo do álbum foram ‘Please’ (embora ela tenha ganhado um novo final) e ‘Last Night On Earth’.

Bono: Quando você está tocando alguma coisa ao vivo, não há tempo para caprichos. Ou funciona ou não. Sua decisão é feita de modo muito simples porque você pode dizer quando está perdendo público. O estúdio geralmente deixa as pessoas com as cabeças nas nuvens. E esta é a razão pela qual você precisa pegar a estrada, para cair na real.

Paul: Nós pensávamos que tínhamos um ás para jogar quando fosse preciso, que era ‘Staring At The Sun’. Achávamos que era um sólido sucesso número um. Claramente a canção não era o que nós pensávamos que ela fosse. Para completar, fizemos um vídeo realmente terrível. Chris Blackwell disse que o problema foi que a gravadora não encontrou um modo que fizesse o U2 parar. Ele certamente nos disse que não tinha gostado. Eu não acho que eu tenha gostado muito do vídeo, mas nós não tivemos alternativas, exceto lançar o mesmo. Não era um hit. O resto da campanha foi gasto tentando extrair aquele hit esquivo do álbum, que teria seu destino renovado. Todos nós amávamos ‘Please’, mas naquele verão Edge, Howie e Bono passaram semanas em um caminhão de gravações em um estacionamento de hotel na França entre os shows tentando encontrar um mix que transformaria a música em um hit single. Eles nunca conseguiram.

Larry: Quando terminamos o álbum, nós podíamos prosseguir fazendo K-Mart, tendo um show de estréia ruim, indo para o palco em um limão, todas essas coisas. A dificuldade era que o álbum não conseguia sustentar todas essas idéias novas, brilhantes.

Bono: Quando aquele show começou, foi como se a minha cabeça flutuasse. A sua natureza de néon era uma coisa fabulosa de se contemplar em uma época em que a música rock era pálida e constituída por uma angústia suburbana. Oasis foi tocar conosco em São Francisco. Eles estavam no alto de sua glória. Noel Gallagher sempre foi um grande advogado do U2 caso a imprensa musical estivesse ficando muito amável. Oasis realmente não precisava tocar em apoio ao U2, eles eram uma das maiores bandas do mundo. De fato, quando eu mencionei o show, Noel disse, ‘Você tem certeza de que quer nos apoiar?’ Eles eram divertidos. Eles pegaram os grandes alto falantes S4 de um dos lados do palco e viraram de modo que pudessem sentir toda a vibração do sistema de som. Eles simplesmente amavam isto. Eu não acho que eles estavam remotamente interessados ou preocupados se alguém os amava também, o que era muito afetuoso.

Paul: Houve um acidente naquele show, quando um pedaço da corrente que sustentava a aparelhagem caiu no palco ao lado de Bonehead, o guitarrista do Oasis. Nós teríamos descoberto quanto ossuda era a cabeça dele caso ele estivesse alguns passos mais próximo.

Edge: Depois do show, nós saímos para a noite com o Oasis. Estávamos falando sobre músicas e Noel, não pela primeira vez, disse o quanto ele amava ‘One’. E veja só, a música começou a tocar no rádio naquele exato momento. Sem qualquer sombra de constrangimento, todos começaram a cantar, Noel, Liam, Bono e eu, We are one, but we are not the same. Esta foi uma daquelas noites lendárias. Acabamos ficando até de madrugada no Tosca’s, um pequeno bar bastante bagunçado que permaneceu aberto para a gente. Bono ficou de pé e cantou atos de ópera. O Oasis se cansou antes de nós. Então Bono, nem um pouco lento para sugerir uma vitória, considerou isto como o U2 vencendo o desafio do Oasis nas Olimpíadas da bebedeira.

Bono: Eu me lembro de ter visto o sol nascer sobre a ponte Golden Gate em São Francisco. Quando uma noite como aquela termina é difícil relaxar. Você fica de pé porque não consegue ir para a cama, sua pulsação é muito intensa. Você luta com todos os tipos de medos para subir em um palco algumas vezes. Você simplesmente acha que não tem o necessário para alcançar aquelas notas, para visitar os lugares onde precisa ir para que as músicas se tornem vivas. Eu senti minha coragem fraquejar naquela ocasião. Mas quando você termina e tudo dá certo, há um sorriso aliviado entre todos e um sentimento de camaradagem que podem criar as melhores noites da sua vida. A verdade é que eu não posso sair a não ser que tenhamos dois dias de folga depois de um show por causa da minha voz. Edge pode. Ele é um homem de talentos ocultos. Ele sai mais do que qualquer um de nós sabe. Ele só não fala sobre isso.

Edge: Eu amo dançar. Descobri isso bem cedo nos anos noventa, período de Berlin. Quando estamos em turnê, esta é uma das coisas divertidas para se fazer, encontrar um bom clube, geralmente com Fighting Fintan Fitzgerard, que ganhou este apelido porque depois de alguns copos ele fica desesperado para achar alguém com quem possa brigar. Anton Corbijn também é meio inquieto e agitado na pista de dança. E Morleigh é uma dançarina profissional. Então, quando saímos todos juntos, nos divertimos muito.

Houve algumas grandes noites na Popmart. Mas houve algumas que eu gostaria de apagar da minha memória. É uma experiência amarga tocar para um estádio com metade de sua capacidade... ou menos! Alguns problemas podem ser afastados com ameaças e blefes, mas não havia como blefar sobre aquilo, estava lá para todo mundo ver. O pior de tudo foi Tampa Florida, 20.000 pessoas em um estádio construído para abrigar 75.000. O extremo sul foi particularmente ruim para a turnê, porque aquele é o território do rock pesado. Alguns críticos reclamaram dizendo que o U2 tinha se tornado uma banda de disco e durante aquele período o disco era o inimigo para muitos americanos. Tivemos o mesmo problema na Alemanha. A turnê européia foi fantástica, 91.000 pessoas em duas noites lotadas em Rotterdam nos shows de estréia. E depois fomos para Cologne e havia 29.000 pessoas em um estádio com capacidade para 60.000. Obviamente, 29.000 é bastante gente, mas não parece quando todos se juntam na frente e as arquibancadas do estádio ficam vazias. Na verdade, a Alemanha tem um grande movimento de música dance, mas a idéia de uma banda de rock sendo influenciada pelo movimento dance era contra a lei como muitos fãs alemães consideraram.

Adam: O álbum se saiu melhor na Europa, possivelmente porque as pessoas entenderam melhor o território sonoro. Tivemos alguns grandes shows.

Edge: Assim como General MacArthur disse para os filipinos, nós dissemos para nossos amigos em Sarajevo ‘nós retornaremos!’, então, quando chegou a hora de planejar a turnê Popmart, nós insistimos em tocar lá. Na verdade, a guerra estava apenas terminando e nós estávamos pondo os planos em prática. Ainda havia muita tensão étnica, embora ela estivesse começando a se estabilizar. Então agendamos um show e sentimos o impacto financeiro de ir até lá. Isto significava transportar todo o equipamento por uma Bósnia destruída pela guerra. A equipe, particularmente os motoristas dos caminhões e dos ônibus, fizeram um ato de heroísmo ao levar o equipamento até o estádio. Os primeiros caminhões que chegaram em Sarajevo foram aplaudidos. Era quase que uma libertação simbólica para muitas daquelas pessoas em Sarajevo, porque este era o primeiro sinal real de que a normalidade tinha retornado.

Larry: Havia centenas de soldados da OTAN, responsáveis por manter a paz, espalhados por todos os lugares. O estádio estava velho e mal conservado. Nós fomos levados até um abrigo subterrâneo muito escuro, feito de concreto, que agora era nosso camarim. A atmosfera era estranha. Ficamos sabendo que o estádio tinha sido usado como necrotério durante o cerco militar. Havia cemitérios de cada lado do estádio, inclusive um enorme cemitério de crianças. Conforme o dia passava, nós ouvíamos histórias sobre o lugar que se tornavam mais e mais horripilantes. Chegou a hora do show e nós subimos no palco. Havia centenas de soldados do lado esquerdo do estádio. O restante da multidão consistia de croatas e sérvios que tinham viajado para o show em trens que não funcionavam desde o começo da guerra. As pessoas de toda aquela região viajaram para assistir o show. Aquelas pessoas estavam matando umas as outras um ano antes. Ali estavam todas juntas em um show do U2. Que coisa incrível.

Edge: Infelizmente, na manhã do concerto, Bono acordou sem voz. Eu não sei se a causa foi a laringite ou o estresse dos meses anteriores de turnê. Um cancelamento estava fora de questão, então o show teve que continuar. E eu devo confessar que realmente não importava que nosso líder vocalista estivesse indisposto, porque cada membro do nosso público parecia estar curtindo todas as músicas. Houve um coro em massa durante todo o concerto.

Larry: A multidão teve que cantar para o Bono, por isso a noite foi muito emocionante. No final do show o público não foi embora. Todos se viraram de frente para os pacificadores e começaram a aplaudir. Foi um momento que eu nunca vou esquecer.

Bono: No dia seguinte, houve um editorial no jornal que dizia ‘Hoje foi o dia no qual o cerco militar em Sarajevo acabou’. Mesmo agora, as pessoas ainda consideram que a guerra durou do fim das Olimpíadas de Inverno até o show do U2. A coisa mais incrível foi que com todo o desafio que era levar aquele gigante espetáculo pop para uma cidade sitiada, nenhuma pessoa com quem eu falei mencionou os enormes telões ou a nave espacial espelhada. Eu não estou certo de que nós éramos uma grande parte do show como pensamos que fôssemos. Eu acho que o show era da cidade de Sarajevo. E no final, eles não estavam apenas nos aplaudindo ou aplaudindo os soldados pacificadores da ONU, eles estavam aplaudindo eles mesmos por terem superado tudo aquilo.

Larry: Nós voltamos para nosso hotel, o Holiday Inn, onde os repórteres se hospedaram durante o cerco. O hotel tinha sido bombardeado e, por isso, parte dele estava faltando. Eu fiquei em um quarto com marcas de metralhadoras embutidas nas paredes e pedaços de chão faltando. Nada teria me preparado para aquilo.

Edge: Nós ficamos lá por um dia ou algo parecido, vagando pela cidade, vendo a devastação. Estar no local que tínhamos visto tantas vezes na TV realmente trouxe um sentimento diferente dos horrores que ocorreram durante o cerco. Houve um sentimento real de que um outro genocídio potencial tinha sido evitado por pouco, embora um pouco tarde e devido à várias casualidades. Mas Sarajevo ainda estava de pé.

Larry: Eu saí para uma caminhada com o Embaixador da Bósnia para as Nações Unidas, Mohammed Sacirbey, que nos ajudou a organizar o show. Ele me levou para todas aquelas áreas sobre as quais eu tinha lido, onde pessoas faziam filas de manhã cedo para um pedaço de pão, onde eram surpreendidas por francos atiradores das montanhas, onde granadas eram disparadas para atingir multidões de pessoas. Em cada trilha onde houvesse crateras e marcas deixadas por explosivos, o preenchimento era feito com concreto vermelho, que representava toda a morte e destruição que aquelas pessoas tinham sofrido. Teve um incrível impacto sobre mim, ser confrontado tão graficamente com a crueldade do homem com seus semelhantes e ao mesmo tempo contemplar as qualidades do heroísmo comum e do sentimento de comunidade que era necessário para se sobreviver.

Bono: Eu estive poucas vezes em Sarajevo. Eu fui feito Cidadão da Bósnia pelo meu apoio à causa deles durante a guerra, o que foi a maior honra que eu já recebi. Eu fui apresentado ao Presidente Izetbegovic, que morava em um quarto alugado muito modesto no topo de um prédio. Havia uma bicicleta do lado de fora. Ele era um erudito que tinha lido alguns livros importantes. Um homem religioso sem ser fanático. Nós tiramos nossos sapatos, e ele e sua esposa nos conduziram para dentro da casa. Eles fizeram um presente para Ali, um bonito cachecol de seda com pequenos fios de ouro, e nos serviram chá. Foi um momento muito especial. Ele falou sobre o cerco, sobre os atos diários de heroísmo e sobre a crueldade com os alvos escolhidos pelo exército invasor. Sarajevo era o lar de uma das maiores bibliotecas do mundo civilizado, habitando vários manuscritos islâmicos, cristãos e judeus de preço inestimável. Ele nos contou, com lágrimas nos olhos, que dias depois havia palavras bombardeadas caindo do céu, caindo nas cabeças das pessoas, caindo em suas mãos, caindo nos carrinhos de bebês que as mães empurravam pelas ruas, caindo nas xícaras de chá das pessoas, caindo na frente delas enquanto andavam pelas ruas, palavras chovendo dias depois, páginas raras e pedaços de pergaminho ainda não petrificados. Era uma história muito comovente. Eu visitei as ruínas mais tarde.

Edge: Meu primeiro filho com Morleigh nasceu durante a Popmart, em primeiro de outubro de 1997. Morleigh estava em Los Angeles no final da gravidez. Nós tivemos um intervalo de um mês na turnê, e eu planejei chegar dez dias antes da data esperada. Infelizmente, bebês não respeitam os horários das turnês, e ela entrou em trabalho de parto enquanto eu estava no vôo de Israel para LA. Eu cheguei algumas horas depois de Sian nascer. Mas só a visão dela compensou o desapontamento. Sian é uma grande alegria para nós.

Bono: Nós fomos para a América para a segunda etapa da turnê. Em um avião, no caminho para o Arizona, recebemos a notícia de que Michael Hutchence havia tirado a própria vida em um quarto de hotel em Sydney. Eu não conseguia acreditar. De todas as pessoas, ele realmente amava a vida. E ela também o amava. Nós ficamos muito próximos, e Ali e ele se tornaram grandes amigos.

Edge: Esta foi realmente a perda mais dolorosa de todas, porque Michael era um grande amigo nosso. Nós o conhecemos durante o período da Zoo Tv, quando ele estava morando em Paris com Helena, e nós íamos muito para o Sul da França. Quando eles se separaram, nós tentamos manter contato tanto quanto fosse possível, mas era difícil. Ele não aparecia muito e estava envolvido com Paula Yates, que era casada com Bob Geldof, outro grande amigo nosso. Então a situação era muito mais difícil. Havia outras complicações, porque parecia que ele e Paula estavam envolvidos com substâncias que talvez os deixavam menos sociáveis. Foi algo muito triste de se constatar mais tarde. Quando alguém próximo de você morre desse jeito, você inevitavelmente pensa sobre o que poderia ter feito. Se tivéssemos feito um esforço maior para mantermos contato, poderíamos ter feito alguma diferença. Ainda é um sentimento horrível, lembrar que ele se foi daquele jeito. Até aquele dia, ninguém sabia realmente qual era a sua intenção. Eu sei que ele estava um tanto pra baixo naquele período. Seria isto um pedido de ajuda que foi longe demais?

Bono: Ali tinha visto Michael no mês anterior e achou que ele parecia um pouco perturbado. Ele estava muito transtornado com a forma como Paula era tratada pela imprensa britânica, não conseguia entender porque Bob o odiava tanto e não sentia remorso por ter se relacionado com a mulher de Bob. Algo estava o consumindo, ela disse.

Você sabe, tem um momento no qual os risos se tornam cacarejos, quando os balões da festa começam a estourar e você é a última pessoa deixada para trás e talvez fosse melhor ir para casa uma hora antes. Isto aconteceu comigo algumas vezes. Isto estava acontecendo muito com ele. Eu o perguntei algumas vezes se ele estava bem. Eu lembro que ele falava bastante sobre o suicídio de Kurt Cobain. Michael disse para mim, ‘Se pelo menos ele tivesse a chance de experimentar o quanto as coisas podem ser boas quando se está em uma banda, ao invés da chatice que é ser uma cara famosa, aquilo nunca teria acontecido com ele’. Dizem que é um padrão em pessoas que tiram a própria vida pensar e até mesmo falar sobre o assunto durante anos. Mas eu não tenho certeza, eu acho que talvez, com todos os maus tratos aos quais ele submetia seu corpo e sua mente, isto fosse apenas um impulso do momento, uma forma de afastar todos os horrores que estavam caindo sobre ele. Ele entrou em um buraco negro muito grande e não conseguiu encontrar a saída. Esta é a única coisa na qual eu consigo pensar, era apenas um cão negro que estava o atacando. Eu conheço a pessoa que conversou com ele pelo telefone naquela noite, e Michael estava muito perturbado, ele chorou, contou para este amigo que estava muito infeliz. Então eu não tenho certeza de que sua morte foi acidental. Eu amaria pensar assim. Eu tenho saudades dele. Especialmente quando estou no Sul da França, sinto falta da companhia dele. Ele teria facilidade em envelhecer, seu lado patife seria mantido nas pontas de seus dedos. Ele era uma alma encantadora e profundamente sensível que sempre verificava se estava tudo bem com você. Eu gostaria de tê–lo verificado mais para ver se estava tudo bem.

No show seguinte, tocamos ‘Gone’ para Michael. O oito intermediário diz: You’re taking steps that make you feel dizzy/ Then you get to like the way it feels / You hurt yourself, you hurt your lover / then you discover what you thought was freedom was just greed. / Goodbye … no emotional goodnight / We’ll be up with the sun / Are you still holding on? / I’m not coming down. Algumas músicas são como premonições e esta é certamente uma delas.

Edge: A Popmart realmente encontrou o seu espaço quando nós fomos para a fronteira sul, a caminho do México. Tudo começou a fazer mais sentido lá embaixo.

Bono: Quando chegamos no México, a estação nacional de rádio mudou seu nome para Pop Radio. Havia um sentimento no país que é difícil de descrever. Todos sabiam que nós íamos filmar o show, que aquele momento seria guardado para a posteridade.

Larry: O México era emocionante e louco ao mesmo tempo. A banda tocou bem e o público foi fantástico. Então nós descemos do palco e os caras da segurança estavam circulando e dizendo, ‘Vocês precisam entrar em um carro e ir embora – agora!’

Edge: Ouvimos dizer que houve uma grande confusão, pessoas tinham se machucado. Levou um momento até que juntássemos os pedaços da história que tinha ocorrido. Os três filhos do presidente mexicano formaram um pequeno grupo com os guarda–costas de seu serviço secreto e apareceram no show, sem ingressos ou passes. Eles nem sequer fizeram uma simples ligação para avisar que estavam indo. Os caras mexicanos na entrada não discutiram. Eles dirigiram uma van até os bastidores e ficaram e viram o show. Eles partiram em direção ao final, os caras do serviço secreto abriram o caminho sem cerimônias através da multidão, e pegaram um atalho por uma área isolada. A área estava fechada por razões de segurança para acomodar os guindastes das câmeras, que têm um contrapeso de meia tonelada ou mais balançando em alta velocidade. Se isto te atingir, você está com um problema sério. Esse pequeno grupo de pessoas começou a vagar pela área, o operador de câmeras se apressou e disse para que eles parassem, depois disso houve uma discussão com o serviço secreto.

Bono: Nossa equipe de transporte começou a persegui–los. Então, quando o serviço secreto tentou fugir, o chefe da nossa segurança, Jerry Mele, deitou na frente do carro. A equipe, logicamente, não fazia idéia de que aqueles eram os filhos do presidente. Eles simplesmente sabiam que tinha acontecido um incidente e estavam tentando manter o carro no local até a chegada da polícia. O carro atropelou Jerry Mele. Ele sofreu ferimentos horríveis nas costas, dos quais nunca se recuperou completamente.

Nós ficamos impressionados quando ouvimos. Paul McGuiness recebeu uma ligação que dizia, ‘O Presidente lamenta muito pelo que aconteceu. Por favor, não comuniquem a imprensa. Vocês gostariam de vir até a minha casa para discutir o assunto amanhã?’ Então nós pensamos e decidimos que a melhor coisa a se fazer era explicar o caso para ele pessoalmente. Quando chegamos lá no dia seguinte, a atmosfera estava muito estranha. Nossa equipe de transporte foi separada de nós, e fomos levados ao encontro do Presidente Ernesto Zedillo. Estávamos lá para fazer uma reclamação. Ele estava de pé, sorrindo, com seus três filhos, que tinham álbuns para serem autografados. Nós não estávamos muito felizes e quanto mais ele tentava nos apaziguar apontando para os quadros na parede e conversando fiado, com mais raiva eu ia ficando. Ele falou, ‘Vamos todos esquecer o passado’. Eu disse, ‘Pelo contrário, nós estamos aqui para falar sobre isso’. Ele disse, ‘Olha, poderia ter sido muito pior. Vocês investiram contra o serviço secreto. Eles são treinados para proteger seus encarregados’. Nós dissemos, ‘Eles são treinados para maltratar nosso público e as pessoas que estão lá para proteger nosso público? Se nós soubéssemos que haveria convidados, teríamos cuidado deles. Eles não precisam entrar com um serviço secreto furiosamente sem avisar’. Ele respondeu, ‘Meus filhos gostam de passar desapercebidos’. Obviamente, a idéia do Presidente Mexicano sobre passar desapercebido é um pouco diferente das outras pessoas.
Foi um incidente muito feio. Mas isto não vai fazer com que deixemos de amar o México. Uma das coisas das quais eu sou mais orgulhoso na minha vida é Popmart Ao Vivo na Cidade do México. É realmente extraordinário como ela ilustra tudo o que foi excitante e valeu a pena naquela aventura do Pop.

Edge: Nós levamos a Popmart até o Brasil, a Argentina e o Chile. Se Tóquio foi a capital da Zoo Tv, então o Rio provavelmente foi a capital do Pop. O público na América do Sul é tão apaixonado, os shows foram inacreditáveis.

Bono: Quando nos apresentamos no Chile, a coisa mais extraordinária aconteceu. Os ingressos eram muito caros para todos, então nós concordamos em fazer uma transmissão ao vivo em uma emissora de televisão. Nós pensamos, já que o país inteiro vai nos assistir, deveríamos tocar ‘Mothers Of The Disappeared’ e de fato convidar as mães para subir ao palco. Então, todas aquelas mulheres que haviam perdido suas famílias para os excessos do General Pinochet e suas forças de segurança foram para o palco. Paramos por cinco minutos enquanto cada mulher mostrava uma foto e chamava sua filha ou filho desaparecido pelo nome. Nosso público se dividiu imediatamente. Houve vaias, assobios de desaprovação e aplausos. Algumas pessoas no Chile acreditam que o General Pinochet foi um monstro necessário para conter o monstro maior, que era o comunismo. Algumas pessoas não queriam remexer no passado. Mas eu disse diretamente para o General Pinochet, como se ele estivesse ouvindo, ‘General Pinochet, nós não seremos seus juízes, Deus será. Mas pelo menos diga para estas mulheres onde estão os ossos de seus filhos’.

Foi um grande momento que transmitiu ondas de choque para todo o país. Dois meses depois as mulheres repetiram o mesmo protesto no Parlamento Chileno, elas levaram as fotos e disseram a mesma frase: ‘Queremos saber onde os ossos de nossos filhos estão enterrados’. Mais tarde, os partidários de oposição chegaram ao poder, e o novo Embaixador Chileno nos escreveu dizendo que a transmissão do nosso show colocou a idéia de protesto na cabeça deles. Coisa incrível. Estranhamente as pessoas perguntam, ‘Você ficou desapontado quando o seu público o vaiou e desaprovou?’ E eu respondo não, porque isto me provou que o público do rock n’ roll não é bobo, eles não vão se jogar de um penhasco só para te seguir, eles não vão votar do jeito que você diz para eles votar. Se eles não concordam com você, eles vão deixar que você saiba – mas isto não significa que eles não sejam fãs. É o que eu penso. Eu fiquei lisonjeado porque não estávamos tocando somente para pessoas que concordavam conosco.

Edge: A turnê foi para a Austrália e para o Japão antes de terminar em Johannesburgo na África do Sul, então houve algumas semanas loucas atravessando o hemisfério sul.

Paul: A turnê saiu do nosso controle e os excessos não foram reduzidos. Nós tínhamos dois Andropovs, que são aviões muito grandes, e nós transportávamos tudo neles, até andaimes. Nós tínhamos aviões cheios de barras de aço. Eu dizia, ‘Eles não têm barras de aço na América do Sul? Não podemos alugar as barras de aço?’ Barras de aço parece o tipo de coisa que você não carrega em um avião. Fizemos as coisas do nosso jeito por um tempo tão longo que achávamos que éramos invencíveis. Minha visão era que a Popmart havia perdido o controle logístico e financeiro. Eu soube que as coisas estavam ficando fora de controle quando recebi uma ligação no meio da noite dizendo que os dois Andropovs eram insuficientes para levar todo o equipamento e se estaria tudo bem se eles alugassem um 747 também.

Bono: Nós fomos a primeira banda convidada pela ANC para tocar na nova África do Sul no fim da Apartheid, mas não estávamos disponíveis para atendê–los no momento do convite. Foi ótimo desembarcar lá. Nós passamos momentos muito preciosos com o Arcebispo Tutu. As apresentações foram fantásticas porque o povo o chama de The Arch e houve um momento em que The Arch foi apresentado ao The Edge. Todos os tipos de pessoas entram em seu escritório e a forma como ele lida com isto é realmente rápida e eficiente. ‘Abaixem suas cabeças’. ele diz. Só ficamos lá por cinco minutos. Todos nós abaixamos as cabeças e com uma bonita oração ele nos lembrou porque estávamos lá. Eles pagaram um preço muito alto por sua atual liberdade. Depois de nos liderar na oração, ele nos perguntou se gostaríamos de conhecer alguns dos voluntários. Nós dissemos, ‘Com certeza’. Ele nos levou até uma sala onde seiscentas pessoas estavam esperando, sentadas. ‘Senhoras e Senhores’, ele anunciou, ‘U2 vai tocar para vocês’. E não havia nenhum instrumento em vista – estávamos sozinhos. Nós olhamos uns para os outros e tentamos uma versão capela um tanto fraca de ‘Amazing Grace’, que na realidade não foi uma escolha ruim porque o que ele estava fazendo era um ato de graça. Ele é um grande homem.

Edge: Mesmo com um começo tão difícil, tudo acabou com uma nota alta, o que foi um ótimo sentimento.

Larry: Eu fiquei bastante feliz com o jeito como tudo se encaminhou. Eu fiquei ainda mais feliz quando terminou.

Adam: Na verdade a turnê foi muito bem sucedida. Nós entramos para o Guiness, o livro dos recordes, por ter o maior público de todos os tempos, quase três milhões de pessoas em 93 shows. Nós vendemos sete milhões de álbuns, o que não é ruim para uma coisa que é considerada um de nossos pontos baixos.

Paul: Houve os inevitáveis Post Mortems e nós chegamos a algumas conclusões. A minha deve ter sido: Não morda mais do que você pode mastigar.

*PA (Public Address) é todo sistema eletrônico de amplificação de áudio, o qual transmite informação, diversão, enfim, a um público. Podemos citar o de um teatro, do aeroporto, etc... No nosso caso estaremos mais focados no P.A. para uso com performances de músicos e bandas ao vivo ou não.

**Páginas 272, 274, 276, 278, 280 e 281 - Fotos

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