1986: a Anistia internacional comemoraria seus 25 anos, porém apesar dos seus trabalhos reconhecidos mundialmente na luta pelos direitos, pela igualdade, pela liberdade já serem reconhecidos mundialmente, o número de voluntários que haviam se juntado a ela ainda era considerado pequeno, especialmente nos Estados Unidos – algo em torno de 150 mil pessoas no país, ou 0,08% da população do país na época. Pensando em unir o útil ao agradável, ou seja celebrar a data e chamar mais pessoas para aderir a sua causa, Jack Healey, ex-monge e diretor da Anistia Internacional nos Estados Unidos pensou em realizar uma série de concertos com a presença de artistas renomados e que possuíam claro interesse com a causa humanitária para isso.
Sendo assim, o U2 apareceu claro como um dos nomes claros na lista de artistas que poderiam se envolver no projeto. Jack, no ano anterior se aproximou de Paul McGuinness depois de um show da banda e apresentou a sua ideia: a banda poderia “doar” uma semana de sua agenda para a Anistia? Paul e Bono concordaram de prontidão. Jack então começou a bater em outras importantes portas, com o auxílio do lendário promotor de eventos Bill Graham – que além de já ter trabalhado com nomes como Janes Joplin, Led Zeppelin havia produzido outros grandes evento humanitários - , as portas de Lou Reed, Peter Gabriel, Bryan Adams, Joan Baez (cantora folk americana), Neville Brothers e Sting, que segundo consta chegou a dizer que a Anistia “seria o único motivo para ele sair da cama ultimamente”, juntamente com ele veio a grande surpresa: separados desde 1984, sua então ex-banda The Police faria uma reunião especial nos 3 últimos shows (a banda só se reuniria novamente mais de 15 anos depois, em 2003, quando foram introduzidos ao Rock and Roll Hall of Fame em 2003).
Foram marcados então 6 concertos: começando em 04 de abril de 1986 no The Forum em Los Angeles e com o encerramento programado para 15 de junho de 1986, no Giants Stadium, em East Rutherford, aliás para o último evento da turnê, além da transmissão ao vivo a ser realizada pela MTV também se juntariam outros importantes nomes, não apenas da música mas do entretenimento em geral: Robert De Niro, Michael J. Fox, Christopher Reeve, Michael J. Fox, Muhammad Ali subiram ao palco para anunciar os artistas e darem seu apoio a causa. Ao staff de artistas regulares do evento uniram-se, dentre outros nomes: Bob Geldolf, Miles Davis, Yoko Ono, Little Steven e Joni Mitchell.
Das 6 apresentações agendadas, todas exceto o show de Denver – o terceiro – tiveram seus ingressos esgotados. A venda foi feita através de um sistema comum nos anos 70, início dos 80 nos Estados Unidos para eventos de grande procura por entradas: um sistema de sorteios / loteria feito através dos correios.
O setlist dos shows eram escolhidos pelos artistas com músicas dos seus próprios repertórios e também covers com temáticas que giravam sobe a temática da igualdade, liberdade política, coragem.... Bono fez dueto em Sting algumas noites com Sting em “Invisible Sun”, “Bad” mantinha-se um hino forte para grandes plateias. Mas certamente o momento mais marcante foi a noite de encerramento da turnê: após Bono ter se unido ao Police, todos os artistas participantes daquela noite juntaram-se no palco e liderados pelo nosso irlandês entoaram: “I Shall Be Released” de Bob Dylan.
Os seis shows acabaram sendo um verdadeiro sucesso para Anistia, além de a causa inicial ter sido atingida: o número de inscritos na organização aumentou em 45.000 nos Estados Unidos, foram angariados mais de 3 milhões de dólares. O êxito acabou em motiva-los a criar uma série de outros shos no futuro que ficaram conhecidos como “Human Rights Concerts”
Quem acabou por se tornar tão ou mais “vencedor” do que a Anistia ao fim dessa jornada foi o U2, não seria ousadia alguma dizer que sem essa vivência The Joshua Tree jamais teria acontecido do modo como aconteceu. Em primeiro lugar temos a grande exposição do U2 ao mercado e público norte-americano, a banda não era uma desconhecida desse público mas jamais havia se apresentado em granes estádios e arenas naquele país, foi a primeira vez que a banda pode testar o seu poder de fogo diante de uma plateia alguma milhares de vezes maior do que as que estavam acostumados deste então. Temos também o envolvimento direto e mais próximo da banda com grandes nomes em um ambiente de turnê em um tempo que podemos considerar relevante, dividir camarins, backstages com nomes como Lou Reed certamente fizeram Bono estar perto de pessoas que até então haviam sido um pouco mais que pôsters na parede de um adolescente de Dublin. O U2 testou seu potencial, aprendeu. Os que trabalharam nos bastidores sempre relatam grandes jam sessions entre membros de todas as bandas e não só dos artistas principais envolvidos nos shows, o U2 fez disso o seu grande laboratório para a “conquista da América” que viria nos anos seguintes.
Acompanhando o nosso Especial The Joshua Tree? Não!? Então confira aqui os episódios anteriores e continue ligado(a), porque até o início da tour tem mais!