A turnê para promover o álbum de sucesso "The Joshua Tree" iniciou-se em Tempe, no Arizona, no dia 2 de Abril de 1987. A The Joshua Tree Tour estendeu-se por nove meses, alcançou dois continentes e consistiu de 110 shows.
O início não foi o que a banda esperava. O ar seco e quente do deserto afetou a voz de Bono durante a semana de ensaios, e ele foi incapaz de cantar partes das maiorias das canções na noite de abertura, obrigando a banda a adiar o show do dia seguinte.
"Eu devo ter ficado à luz do sol por muito tempo. Estou feliz que estejam cantando comigo esta noite." - Bono à multidão
Em contrapartida, a turnê foi um sucesso desde o princípio, esgotando 99,8% dos ingressos. Esses primeiros shows, realizados em arenas, arrecadaram mais de $7,5 milhões, com um total de mais de 465 mil ingressos vendidos. Edge mostrava-se preocupado com a alta demanda.
"Este ano tem sido perigoso para o U2 de certas maneiras. Agora somos um nome conhecido, e suponho que isso nos torna propriedade pública de uma maneira que não éramos antes." - Edge à Rolling Stone em 1987
No dia 30 de Abril, a banda tocou no Pontiac Silverdome, o seu primeiro show como atração principal em um estádio nos Estados Unidos.
A turnê havia ficado tão grande que eles estavam sendo forçados a fazer uma série de shows em arenas na mesma cidade. Uma série de cinco concertos em Maio fechou a primeira etapa da turnê em East Rutherford, NJ.
A segunda etapa trouxe a turnê para a Europa em Maio, altura em que o "The Joshua Tree" já havia vendido mais de sete milhões de cópias, catapultando a banda para um novo nível de fama. O U2 era uma banda que todos queriam ver, o que fez com que eles decidissem tocar em estádios, assim como algumas datas em arenas num total de 30 shows em 13 países diferentes. Inaugurava-se a era de grandes shows a céu aberto do U2.
"Foi uma decisão difícil para nós, porque sempre tentamos criar um sentimento de intimidade em qualquer show. Quando se tratava de estádios, nós realmente tínhamos que fazer essa mudança, porque se não fizéssemos, isso significaria fazer 20 noites em uma arena, que nós simplesmente não conseguiríamos enfrentar." - Edge à Rolling Stone em 1987
Em 27 de Junho, eles chegavam à Irlanda para fazer dois shows memoráveis no Croke Park.
O show de 4 de Julho no Hippodrome de Vincennes na França, transmitido pela TV, havia sido gravado para um futuro lançamento. Anos se passaram. Décadas, de fato. Live in Paris não veria a luz do dia até Novembro de 2007, quando veio como um DVD bônus na edição remasterizada de luxo do "The Joshua Tree".
O U2 retornou em Setembro à América do Norte para concluir a The Joshua Tree Tour, numa série de 50 concertos em arenas e estádios até Dezembro. Nesse retorno, alguns shows da banda tornaram-se memoráveis.
Um deles, realizado em Denver, no mesmo dia em que o IRA detonou uma bomba que matou 11 pessoas. Nesta data, a Irlanda comemorava o "Remembrance Day". No show, Bono condenou e questionou enfaticamente que tipo de revolução o movimento pretendia estabelecer com a violência e a brutalidade dos atos perpetrados. Esse discurso foi proferido durante a execução de "Sunday Bloody Sunday" e a frase “Fuck The Revolution”, eternizou o discurso.
Outro show memorável do ano se realizou em São Francisco, em um concerto improvisado em praça pública, inspirado na quebra da Bolsa de Valores, havida no mês de Outubro daquele mesmo ano. Durante a performance de "Pride", Bono fez um grafite em um monumento, escrevendo “Rock and Roll Stops The Traffic”. Por conta desse gesto, foi emitido um mandado de prisão contra Bono e o mesmo teve que escrever uma carta de desculpas à cidade.
Em consonância com seu desejo de prestar homenagem às influências da música de raízes americanas, o U2 chamou o bluesman B. B. King para a canção final do show de 23 de Novembro, em Fort Worth, Texas. Eles tocaram pela primeira vez uma nova colaboração original chamada "When Love Comes to Town".
Mas tudo não foi um "mar de rosas"...
Durante o concerto em Washington, DC, Bono escorregou no palco molhado durante a performance de "Exit" e teve seu ombro deslocado. Ele foi levado para um hospital imediatamente após o show e acabou tocando com o braço em uma tipóia nos 12 concertos seguintes - embora ele tenha ignorado as ordens do médico por tocar guitarra em várias ocasiões, quando não devia.
No último concerto da turnê no Arizona, existia um clima de perigo. Bono havia sido ameaçado de morte se ele cantasse o terceiro verso de "Pride", que aborda diretamente o assassinato de Martin Luther King. "O FBI veio a nós: 'Vocês querem ir em frente com o show?' E nós fomos," disse Bono.
No terceiro verso, Bono agachou na frente do velho palco e fechou os olhos para cantar. "Cheguei ao fim do verso e claramente não estava morto", ele diz, rindo. "Mas não foi só isso... Adam Clayton estava de pé na minha frente." Surpreendentemente, o baixista tinha o protegido se colocando entre Bono e o público, pronto para receber a bala ou dissuadir o atirador. "É estranho o que passa pela sua cabeça", diz Clayton hoje. "Ou talvez até na sua cabeça. Talvez seja apenas algo instintivo, desafiando alguém para cumprir uma ameaça assim."
A banda filmou e gravou partes dos concertos ao longo da estrada para um futuro documentário que acompanharia o álbum "Rattle And Hum", de 1988.
A maioria dos shows tive como canção de abertura "Where The Streets Have No Name". O U2 tocou um total de 44 canções diferentes durante seus 110 shows. "Still Haven't Found", "Bullet The Blue Sky", "Exit", "I Will Follow", "Pride" e "Running To Stand Still" foram tocadas em todos os shows, com "40" fechando em praticamente todos eles. Do álbum "The Joshua Tree", apenas a canção "Red Hill Mining Town" não foi tocada ao vivo. A banda também tocou um total de 14 diferentes covers, como "C'mon Everybody", "Help" e "Knockin 'On Heaven's Door". A maioria dos shows teve um setlist de 18 a 20 canções.
Ao final, a The Joshua Tree Tour arrecadou $40 milhões e levou 3 milhões de pessoas aos estádios e arenas.