Dia Internacional da Mulher: “On your knees, boy!”
Dia Internacional da Mulher: “On your knees, boy!”
08 de março de 2017
Dia Internacional da Mulher: “On your knees, boy!”
Vicky
Editora do U2 Brasil

Bono foi eleito em 2016 pela revista Glamour norte-americana “a mulher do ano”, pela primeira vez em sua premiação anual não apenas um homem era colocado na lista, mas também era eleito o personagem mais importante dentro da causa / figura feminina e feminista para a revista. A escolha que a muitos gerou estranhamento, não pode ser mais correta. Bono em sua causa humanitária jamais deixou de lado a figura das mulheres, recentemente através da sua One, o nosso frontman começou a proclamar: “A POBREZA É SEXISTA”, alardeando para o fato que as mulheres são ainda mais atingidas por todas as desigualdades que assolam o planeta. O acesso a educação, saneamento é ainda mais difícil para as mulheres, sem contar os números alarmantes sobre a violência contra elas sofrida diariamente em todo o planeta.

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“Não há lugar no planeta onde as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens. E se esse problema não for resolvido, colocando mulheres e homens juntos, o nosso mundo vai continuar indo por um caminho misógino, violento e pobre.”

Não bastando isso, Bono tem um histórico de presença feminina muito forte em toda a sua trajetória. Todos somos resultado do ambiente e das pessoas que nos cercam, talvez a imagem feminina na vida de Bono seja uma grande ausência: Iris.

5073c055a524223ac7602b17f69c3310Iris Elizabeth Rankin nasceu em 27 de maio de 1926 em Dublin, apesar de ser de uma família católica, Iris se casou com o protestante Bob Hewson em 1949, dessa união nasceram Norman e Paul, o filho mais novo viu sua mãe morrer quando tinha apenas 14 anos, vitimada por um aneurisma cerebral e a perca da mão por um filho marcou seu destino para sempre. As desventuras de ser criado em uma casa só de homens, em um relacionamento que as vezes parecia duro e intransponível, a injustiça por se sentir tão sozinho, tão cedo marcou para sempre a vida do caçula dos Hewsons e passou diretamente para as suas letras. “Boy” é um clamor de alguém que procura por abrigo, procura por um colo, uma voz. Anos depois “I Will Follow” foi dita pelo seu autor como o lamento por um filho que deseja seguir a sua mãe já morta, uma espécie de nota de suicídio, que felizmente não se concretizou. Anos e anos se passaram e Iris esteve ao lado do seu filho, como em “Lemon” que evoca a cor de um vestido verde usado por ela em uma das fotos vista por ele, mas talvez apenas no último trabalho da banda “Songs of Innocence” ela realmente tenha se tornado absoluta. “Iris (Hold me close)”, foi inspirada diretamente pela morte de Iris, pelas imagens de Bono a venda preparar o funeral de seu avô Alec Rankin e falecer poucos dias depois, deixando um vazio que retumbou em sua vida.

The star that gives us light
Has been gone a while
But it’s not an illusion
The ache in my heart
Is so much a part of who I am

Something in your eyes
Took a thousand years to get here
Something in your eyes
Took a thousand years, a thousand years

Os pais de Bono, novos também aparecem nas suas lembranças em “Crystal Ballroom”, aliás no seu devaneio / visão de como seria a vida deles na Dublin do passado, como um casal de namorados, a casa deixada vazia recebe os seus clamores em “Cedarwood Road”. Se Joe Ramone o achou a encontrar a sua voz, o fez cantar, Iris o fez e o faz sentir de maneira tão única como jamais outro. Temos John Lennon cantando “Mother” ou Elvis fazendo sua primeira gravação para ser um presenta a sua mãe, mas certamente nenhuma delas habitou tão fortemente a obra de uma banda como a doce Iris Hewson.

“Eu era apenas um garoto normal, numa família agora pouco normal, que tinha perdido o interesse por tudo, exceto pelas garotas e pela música.

E se materializa “A” garota em sua vida, apenas 2 anos depois da partida de Iris.  

“Sempre sinto mais de mim mesmo ao lado dela do que ao lado de qualquer outra pessoa.”

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Alison Stewart, conheceu Paul David Hewson na adolescência, quando ambos eram alunos da Mount Temple... “Foi um grande ano, eu entrei no U2 e comecei a sair com a Ali”, criada em uma família de raízes protestantes conheceu Bono anos 12 anos, mas eles só se tronariam namorados em 1976... Ela com 15, ele com 16 anos, Bono afirma que se encantou desde o começo pela garota dos “Spanish eyes”, Ali diz que apesar de secretamente ter gostado dele desde o começo, preferia dizer que o achava um babaca”.

“Eu me lembro quando vi Bono pela primeira vez em cima de um palco. Não pude me atentar a outra coisa senão seus olhos. Brilhavam. Estavam eletrizados. Era incrível.”

E o resto é uma história de cumplicidade, parceria e belas canções que foi formalizada na Igreja de Todos os Santos, apadrinhada por Adam Clayton, em 1982. Sabemos que não existe casamento perfeito, relacionamento dos sonhos e nada de seus problemas, mas a parceria Bono e Ali beira algo cósmico. Formada em Política e Sociologia, Alison se tornou parceira de Bono em seu ativismo desde o início, tendo viajado com ele desde o início do seu casamento para diversos pontos onde os desafortunados estavam. Ela é patrona no Chernobyl Children’s Project International, que visa melhorar as condições de vida dos envolvidos no trágico acidente nuclear da cidade russa de Chernobyl em 198e, é também sócia da Edun, marca de roupas sustentáveis fundada pelo casal e Rogan Gregory, além da marca de cosméticos Nude... Mas acima de tudo Ali acaba por ser a musa absoluta de Bono em grande parte das músicas que fazem os corações dos fãs darem aquela leve suspirada. Sem Ali não teríamos o garoto de olhos azuis apaixonado pela garota de olhos castanhos em “Sweetest Thing”, não poderíamos querer desejar ouvir ou cantar “All I Want is You” para aquele alguém especial, não teríamos “Song for Someone”, não poderíamos entender relacionamentos tortuosos ao som de “With or Without You” ou conhecer a garota que considera o infinito um grande lugar para começar.

Ali e Bono são pais de duas jovens mulheres que começam a traçar os seus próprios e brilhantes caminhos. A filha mais velha deles, Jordan Hewson não apenas divide com o seu pai a data de nascimento, mas também o envolvimento humanitário e a busca por uma causa justa. Colaboradora do Huffington Post, brilhante estudante universitária e ativista, Jordan traça o que de melhor Bono e Ali delegaram a ela. Eve, a “filha número 2” já possui uma consistente carreira como atriz, tendo estudado New York Film Academy e se destacado no papel de uma enfermeira na série de TV “The Knick”, herdou do seu pai além dos olhos azuis a vontade de estar sempre presente, sempre com opiniões fortes e se colocando a frente das suas posições, tendo por exemplo apoiado fortemente a candidatura de Hillary Clinton a presidência dos Estados Unidos.

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Aung San Suu KyiMas não apenas as mulheres diretamente ligadas a si vive Bono, a figura da mulher está fortemente presente como personagem, como figura central de tantas letras que seria raso limitar o seu papel. “Mysterious Ways” é uma verdadeira ode a figura feminina, "ás vezes, costumo idealizar as mulheres", mas mesmo que ela não fale explicitamente sobre uma mulher é uma canção que exulta o feminino, a sua figura, a sua sensualidade. “A Man and a Woman”, trata da complexidade dos relacionamentos, “Walk On” a belissíma canção de “All That You Can’t Leave Behind” teve como inspiração a birmanesa Aung San Suu Kyi, Prêmio Nobel da Paz graças a sua luta contra o totalitarismo em Miamar. Las Madres de Plaza de Mayo, as mães da Praça de Maio que choram os desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina inspiraram "Mothers of the Disappeared". Até mesmo quando Bono se aventurou a produzir e roterizar um filme, com "O hotel de um milhão de dólares", a sua fonte foi o livro "O chão que ela pisa (The Ground Beneath Her Feet)", do escritor Salman Rushdie, que tem como mote uma versão de Orfeu e Eurídice, com um triângulo amoroso passado na Índia. Mais uma personagem forte, mas uma música e belas cenas com uma forte figura feminina.

"A última vez que chorei foi ouvindo essa música .Era uma música que Bono compôs no último disco sobre minha filha Holly. Ele é seu padrinho.A letra tornou-se mais universal, falando sobre ser jovem e cheio de dúvida sobre si mesmo. Ele provavelmente não vai concordar, mas eu acho que tem ressonâncias no próprio Bono, olhando para trás quando tinha 20 anos."

10ad65421acdc6a3cce6e0cf4c145f39Mesmo o U2 sendo uma banda com conexão forte entre seus integrantes, Bono e The Edge vivem uma simbiose única dentre os parceiros da música. Nunca concorreram entre si como Lennon / McCartney, ou se estapearam por aí como tantos outros, o que acontece é uma relação de admiração e respeito mutua, e Bono como grande letrista trouxe um pouco da realidade da vida de seu amigo para as letras da banda, como dito acima a emocionante “Original of The Species” de “How To Dismantle An Atomic Bomb” é uma espécie de “canção de ninar” dele para a sua afilhada Hollie que sofria os desatinos da adolescência, mas The Edge e sua vida foram inspirações para “So Cruel”, um lamento suave, cru e verdadeiro sobre a situação da separação dele e da sua primeira esposa Aislinn, que também havia sido inspiração para a música “Trash, Trampoline and the Party Girl”. The Edge, aliás cerca-se de mulheres que influenciam a sua vida e consequentemente a carreira da banda, sua mãe Gwenda Evans, foi quem comprou a sua primeira guitarra em um mercado de pulgas, incentivava ele e seu irmão a tocarem e também foi a primeira roadie do U2, ela sempre gostava de se lembrar nas entrevistas que dava de como carregava os instrumentos do filho para os primeiros shows em seu Volkswagen. Gwenda faleceu em 2012.

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eb9037755518381f65cfd1020cdae858Sian a primeira filha do guitarrista com Morleigh Steinberg  - coreografa, sua segunda esposa e dançarina do U2 na Zoo TV – foi diagnosticada com leucemia durante a Vertigo Tour, a banda em sinal de apoio e respeito postergou as datas das suas apresentações para que ele estivesse ao lado da sua família. Hoje ela encontra-se curada. Ah sim, e ao se tornar o primeiro avô na banda, Edge acrescentou mais uma mulher a vida do U2: Luna, sua pequena neta, herdeira da sua filha Blue Angel.
bd90f1059a581e4a8a6e578ae0dffd25Se Aisllin influenciou na composição e no estado emocional da banda com The Edge passando por um doloroso divórcio durante as gravações de “Achtung Baby”, durante o mesmo período Adam Clayton chegou a ser noivo da super modelo Naomi Campbell. O relacionamento dos dois era o esteriótipo do que se esperar de um rockstar: abusos de substâncias, capas de revistas, festas, a supermodelo e o bom vivant da maior banda da atualidade. O noivado dos dois não durou, Adam teve que procurar tratamento para se livrar do seu vício em alcoolismo e nos anos 2000 surpreendeu a todos não apenas declarando que havia se tornado pai – até hoje a identidade da criança é preservada bem como a da mãe – e se casando com a brasileira Mariana Teixeira de Carvalho em 2013.

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Chegamos a cozinha da banda, literalmente o lugar que fazem – e fizeram – as coisas acontecerem no U2. Larry Mullen Jr também teve a vida cruzada pela perca de mulheres importantes da sua vida e o apoio de tantas outras para seguir em frente. Sua família o incentivou a ter aulas de piano desde cedo, mas tendo iniciado no piano pelo qual não tomou gosto, partiu para a bateria, o seu primeiro instrumento próprio foi dado de presente a ele pela sua irmã mais velha Cecelia, seu professor de bateria um dos mais famosos da Irlanda na época acabou por falecer um ano depois, e mais uma milher surgiu em sua vida para manter a paixão pelo instrumento viva: Mônica, a filha do seu antigo mestre foi quem prosseguiu com as aulas para o jovem Mullen. Larry assim como Bono teve que conviver com mortes em sua família desde muito cedo: quando tinha 12 anos sua irmã Mary faleceu, em 1973, apenas 5 anos depois sua mãe Maureen morreu em um trágico acidente de carro”.

“Alguns eventos definiram o tipo de pessoa que eu me tornei. A morte da minha mãe certamente me jogou na direção da banda”.

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A ausência das mães fez com que Bono e Larry desde o início da banda tivessem uma espécie de “pacto”, uma ligação entre duas figuras aparentemente tão diferentes, mas que estavam cercados pelo mesmo pesar.

Uma banda que respeita as diferenças, que se encontra em meio a tantas realidades, e que preserva o humano, exalta o armo, a igualdade, o respeito. Em detrimento a religião, gênero, partido ou ideologia. Esse é o U2.

PS: Para celebrar a data que tal entrar na página da One e participar da campanha #GirlsCount, uma manifesto que tem como intuito chamar atenção para a falta de acesso a educação por parte das mulheres no mundo todo. Link: https://girlscount.one.org/

PPS: Para celebrar aliás, nada melhor do que tal apenas entender que o respeito a humanidade precisa ser universal. Gênero, classe social, raça, religião não fazem a diferença, apenas a diferença é respeitar a individualidade e particularidade de cada um.

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