Bono dá entrevista exclusiva ao U2.com
Bono dá entrevista exclusiva ao U2.com
12 de janeiro de 2017
Bono dá entrevista exclusiva ao U2.com
Vicky
Editora do U2 Brasil

Nós temos as perguntas, Bono tem as respostas.

Uma turnê para celebrar um álbum de 30 anos atrás? Isso não soa muito como o U2. De onde veio essa ideia?

B: Haha, nostalgia é uma coisa do passado, como Edge sempre me diz... e isso é verdade! Como uma banda nós somos conhecidos por não olhar muito no espelho retrovisor... Suponho que isso tenha mudado com a composição para Songs of Experience. Ele meio que nos forçou, particularmente a mim, a olhar para trás. Eu comecei a pensar que na verdade o passado é um lugar que merece uma visita, mesmo que fugaz o suficiente para que o tempo que passe lá não seja o suficiente para mexer com a sua capacidade de lidar com o futuro. Não tentando ser inteligente aqui, apenas algumas vezes, para citar um dos meus escritores favoritos – Eminem – você tem que voltar e arrumar o seu quarto (you’ve got to go back to tidy your room). A turnê de The Joshua Tree é uma ideia recente... Começou com algo como nós fazendo um ou dois shows, talvez um festival por diversão, mas o quanto mais pensávamos nisso, mais animados ficávamos, e percebemos cada vez mais como essas canções serviriam para essa época.

Aliás, muitos fãs na América do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão estão nos perguntando como a Europa e a América do Norte vão ver o U2 tão cedo novamente.

B: Não é justo... isso é certo. Não estou exagerando quando digo que a banda está tão desapontada quanto os fãs sobre demorar tanto para chegar a alguns dos nossos lugares favoritos na Terra. Tudo o que eu posso dizer é que nós estamos trabalhando nisso! Obrigado por serem tão pacientes.

Você foi bastante franco politicamente naqueles dois shows nos Estados Unidos em Setembro e Outubro. Algumas pessoas não aprovaram a “intervenção” de uma banda irlandesa na sua eleição. Vamos ver mais disso na Joshua Tree Tour?

B: Na eleição dos Estados Unidos... como uma banda irlandesa, nós claramente não tínhamos o voto, mas nós tínhamos uma voz e nós queríamos usá-la para falar contra aquilo que acreditávamos ser uma retórica desenfreada, coisas perigosas... Mas em uma democracia as pessoas têm a última palavra – e é assim que deve ser. Eu me opus a Trump ao mesmo passo que compreendo que muitas pessoas que o apoiam são o tipo de pessoa com as quais eu cresci, e posso me ver nelas até hoje. Na minha cabeça pelo menos, o resultado das eleições exigiu que eu me fizesse uma série de perguntas:

Eu estou perdendo alguma coisa aqui?

Eu estou por fora dos valores americanos?

Eu estou fora do contato com o povo americano?

É claro que um grupo eleitoral gigante se sentiu ignorado ou negligenciado... Eles temem pelo futuro, como um grande número de europeus. Eu entendo e respeito isso, e eu quero tentar entender melhor esses sentimentos. Contradizendo o que esperam, eu sou um rockstar que não gosta de estar cercado por pessoas que concordem comigo (pelo menos não o tempo todo), é por isso que estou em uma banda e ainda estou casado! Haha.

Nosso público sempre foi muito impetuoso, muitas vezes descordam de nós e descordam entre si. Eu gostaria de imaginar que todo mundo que ama o seu país possa se sentir bem vindo em um show do U2, diferentemente do previsto, eles adoram isso. Eu acho que um pouco de humildade pode ser bem importante para mim aqui. Eu certamente quero entender melhor o que aconteceu aqui, mas fazer isso sem cruzar alguns limites que são bem importantes para mim, coisas como promover a demonização dos refugiados ou ir contra imigrantes. Eu sou irlandês, pelo amor de Deus.

Com a turnê para The Joshua Tree, minhas esperanças são que, número 1: que isso seja uma noite transcendente de rock’n’roll. Número 2: se me for permitido ter algumas ambições mais elevadas para esse show de rock, eu adoraria que ele se tornasse uma oportunidade para a nossa audiência e para nós mesmos de nos fazer a seguinte pergunta – o que são esses dias para ser um americano ou um europeu? Trinta anos atrás, The Joshua Tree encontrou solo fértil para se tornar um terreno mais alto. Esta é uma turnê para o vermelho e o azul, para a costa e para o interior... Porque a música pode atrair as pessoas com a mesma certeza e força que a política pode  atrair as pessoas. É uma ótima tela e seria maravilhoso se ainda pudesse ser uma meditação de alta voltagem sobre o que está acontecendo agora.

O que aconteceu com Songs of Experience? Eu pensei que estava terminado. Nós podemos esperá-lo ainda para esse século?

B: Ah, sim... talvez até para essa década.  A banda me proibiu em falar sobre prazos e datas de lançamento. O que eu posso te dizer é que Songs of Experience é um álbum muito pessoal, mas essa intimidade ainda precisa da moldura de um mundo mais ansioso e nervoso, porque é onde muitas pessoas se encontram nesse momento.

Jogue-nos um osso – dê-nos o título de uma música nova e uma letra. Vocês pretendem tocar alguma música nova na TJTT?

B: Podemos. Minha favorita no momento é “The Little Things That Give you Away” (As Pequenas Coisas Que Te Entregam). Lá vão alguns versos:

"The night gave you a song,
a light had been turned on,
You walked out in the world
like you belonged there
As easy as a breeze,
each heart was yours to tease
Is it only me who sees there’s something wrong here
It’s the little things that give you away
The words you cannot say
Your big mouth in the way
It’s the little things that reveal and betray
Has the hunter now become the prey
It’s the little things, the little things
That give you away
I saw you on the stairs
You didn’t notice I was there
That’s cos you were busy talking at me
Not to me
You were high above the storm
A hurricane being born
But this freedom, it might cost you your liberty
It’s the little things that give you away
The words you cannot say
Your big mouth in the way
It’s the little things that reveal and betray
Has the hunter now become the prey
It’s the little things, the little things that give you away"

"A noite lhe deu uma canção,
uma luz foi ligada.
Você caminhou em direção ao mundo
como se pertencesse a ele
Tão calma quanto a brisa
cada coração era seu para provocar
Somente eu vejo que há algo de errado aí?
São as pequenas coisas que te entregam
Palavras que você não pode dizer
Sua grande boca no caminho
São as pequenas coisas que revelam e te traem
Como o predador se torna a presa
São as pequenas coisas, pequenas coisas
que te entregam
Eu te vi nas escadas
Você não percebeu que eu estava lá
Isso porque você estava ocupada conversando para mim
não comigo.
Você estava acima da tempestade
Um furacão emergindo
Mas essa independência, podia custar sua liberdade
São as pequenas coisas que te entregam
Palavras que você não pode dizer
Sua grande boca no caminho
São as pequenas coisas que revelam e te traem
Como o predador se torna a presa
São as pequenas coisas, pequenas coisas
que te entregam" 

Existe uma grande tangente no fim disso que é bastante revelador – mas por hora é o bastante.

Ouvimos algo sobre outro show esse ano, com o menor público já visto em um show do U2... Apenas Julia Roberts, verdade?

Não, existem duas experiências (RED) Omaze diferentes – um é o chá comigo e Julia Roberts. Sinto que ganhei todas as competições que entrei apenas para estar em sua companhia, ela é demais. Uma amiga e companheira de muitos anos. Exceto que ela ainda tem a mesma aparência de quando eu a encontrei nos anos 80 e eu, bem, estou feliz por não ser o mesmo dos anos 80...

O outro prêmio é a banda tocando apenas para você e um amigo. Que pode acabar com nosso recorde de menor show de todos os tempos, que foi em Bristol em nossa primeira turnê do Reino Unido – 11 pessoas – mas estamos felizes de quebrar esse recorde pela (RED).

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