Adam Clayton fala sobre a nova turnê à RTÉ
Adam Clayton fala sobre a nova turnê à RTÉ
19 de janeiro de 2017
Adam Clayton fala sobre a nova turnê à RTÉ
Vicky
Editora do U2 Brasil

Abaixo separamos alguns trechos. A entrevista pode ser ouvida na íntegra (em inglês) neste link.

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A maior parte da entrevista girou em torno da esperada e já bem-sucedida turnê para a comemoração dos 30 anos de The Joshua Tree. Questionado sobre de onde surgiu a ideia de organizar essa nova / antiga aventura, Adam afirmou que o cenário mundial atual ajudou a banda a tomar essa decisão.

“Nós sentimos que essas músicas são relevantes novamente. O álbum mudou nossa vida naquela época, e continua mudando até agora. E nós sentimos que essas músicas se tornaram relevantes novamente, nós sentimos como se fosse uma espécie de negócio inacabado e trouxemos essas músicas de volta para dar a chance das pessoas verem essa turnê novamente e ouvirem essas canções.”

“Acredito que antes de The Joshua Tree nós eramos uma banda local, que fazia um bom trabalho conhecida por algumas pessoas em outros lugares. Depois do The Joshua Tree nós passamos a ser conhecidos em todo o planeta, todo mundo nos conhecia. Foi uma coisa incrível poder ouvir essas músicas nas quais trabalhamos tão duro serem tocadas em todos os lugares do mundo.”

E mesmo depois de estar em turnê por mais de 30 anos, você sente como se essas músicas fossem uma grande responsabilidade?

“Nós temos um catálogo para o palco bem profundo, mais algumas músicas como ‘With or Without You’, ‘Still Haven’t Found’, ‘Streets’, vêm sendo tocadas praticamente todas as noites nos últimos 30 anos.

Na época da gravação do álbum nós estávamos muito envolvidos no que podemos chamar da mística dos Estados Unidos, suponho que todos crescemos com isso na Irlanda e na Europa, a imagem dos Estados Unidos nos anos 60. Mas nos anos 80 nós tivemos mudanças nos acontecimentos e na visão sobre o Reino Unido e os Estados Unidos, e essas ‘forças ocultas’ acabaram nos influenciando na composição do álbum, nós falamos de coisas como a greve dos mineiros na Inglaterra (Red Hill Mining Town tem como inspiração a greve dos mineiros ocorrida na Inglaterra em 1984, que se deu em resposta a campanha da National Coal Board par fechar algumas minas que considerava não produtivas), nós também falamos sobre o que estava acontecendo na América Do Sul (Mothers of the Disappeared relembra o movimento das mães da Plaza de Mayo que choraram pelos seus filhos desaparecidos no período da ditadura na Argentina e Chile), sobre a intervenção dos Estados Unidos na política da América Central (Bullet The Blue Sky trata da intervenção militar em El Salvador durante a Guerra Civil), é como se estivéssemos vivendo uma dualidade, e de alguma maneira nós estamos de volta a ela nesse momento, é muito difícil prevermos o que a eleição do novo presidente americano vai produzir. Mas o cenário não soa muito bom.”

Sobre o posicionamento político da banda em relação ao novo presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump, e sobre os comentários que a banda realizou durante a campanha eleitoral contra o então candidato, Adam comentou:

“Podemos dizer que o processo democrático que levou Trump ao poder seguiu um fluxo, e nós podemos dizer que é logicamente democrático no nosso ponto de vista, mas o problema foi o modo como Trump conduziu a campanha. Ele não respeitou a mídia, não respeitou os jornalistas, ele foi agressivo com as pessoas que não concordaram com ele, parece não estar preparado para lidar com as coisas de modo transparente, todas essas coisas te guiam a uma situação na qual você passa a questionar se ele é a pessoa certa para conduzir o país, se ele realmente representa a Constituição que alega representar, porque ele não tem nenhum histórico de filantropia."

[caption id="attachment_7020" align="alignleft" width="431"]Bono-u2-Trump Bono durante a Dreamfest realizada nos Estados Unidos em outubro do ano passado, onde fez duras críticas ao então candidato Donald Trump.[/caption]

“É errado condenar um homem, enforcar um homem sem ao mínimo termos dado uma chance a ele de fazer algo. Mas é estranho notar como as coisas tem ocorrido nesses últimos meses, principalmente em relação a como ele tem conduzido as coisas... Toda a imprensa no período de transição, nos últimos meses acabou mais por falar do presidente que está deixando o cargo do que sobre o que está assumindo. É perigoso quando se tem um presidente, ou um presidente prestes a assumir que causa um certo alvoroço nas notícias todas as manhãs."

“De certa maneira, sim, você está certo. Há alguns valores que precisam ser reforçados, esse de alguma forma é como nos sentimos e faz com que seja a época certa para que saiamos e toquemos esse álbum novamente.”

Na época de lançamento e da turnê de The Joshua Tree a posição política da banda, especialmente de Bono, fez com que eles passassem por momentos de tensão durante os shows. Questionado se temia que passassem por algo assim novamente afirmou:

“Foi uma época difícil sim, os Estados Unidos se encontravam bastante dividido por causa da política. Era uma verdadeira confusão, com a CIA intervindo em El Salvador, problemas em relação ao racismo, como quando por exemplo o governo estava tentando implementar o feriado nacional no dia do aniversário de Martin Luther King, porém o governador do Arizona não aceitou isso. Foram tempos complicados, nada que se assemelhe com o que vamos encontrar saindo em turnê agora.”

“É uma época fascinante, mas ao mesmo tempo assustador, pensar em como vai ser a relação, ou a provável reação entre Trump e Putin. O país está dividido politicamente no momento, é claro, temos também o que está acontecendo no Oriente Médio com o Estado Islâmico, essas coisas vão definir o século, não há dúvidas sobre isso.”

“Os homens que nós eramos há 30 anos, os que gravaram aquele disco, os que fizeram aquela turnê, nós não somos mais os mesmos. Nós mudamos assim como a nossa audiência nesse tempo. Quando você tem 20, 30 anos como tínhamos na época, parece ter uma linha clara entre política, música, e agora eu não enxergo essa linha claramente mais."

[caption id="attachment_7021" align="alignright" width="353"]Adam Clayton durante a turnê de The Joshua Tree em 1987. Adam Clayton durante a turnê de The Joshua Tree em 1987.[/caption]

Sobre como acontecerão os shows e o tal aguardado Songs of Experience, infelizmente Adam não nos passou nenhuma informação mais precisa:

“Eu teria que ter uma bola de cristal para te dizer com certeza o que vamos fazer, pois todos os detalhes ainda estão sendo acertados. À princípio a ideia original é tocarmos cada faixa do álbum, mas até começarem os ensaios eu não posso dizer com certeza o que vá acontecer, como vai funcionar, se serão as músicas na sequência, intercaladas, como vai acontecer ou qualquer coisa. Nós ainda temos que conversar com o nosso diretor de turnê, apresentar as nossas ideias, mas com certeza iremos intercalar com algum outro material. Joshua Tree é um álbum de apenas 45 minutos, eu imagino então que algumas músicas que estiveram no repertório da tour que combinem com o ambiente de The Joshua Tree possam ser intercaladas e aparecerem, serem intercaladas no show, assim como e também temos que ver aonde o futuro vai nos levar com ‘Songs of Experience’;”

“Olhando após as eleições, pelo ângulo das coisas que aconteceram, começamos a olhar para as letras das músicas, sobre o que elas estavam dizendo, para onde estavam indo e começamos a pensar que elas talvez soassem estranhas, que se nós colocássemos o álbum no mercado no começo do ano, talvez causaríamos muito barulho sobre isso, então decidimos guardá-lo e deixarmos ele para o final do ano, nós queremos alinhar alguns pontos do álbum, temos cerca de quatorze ou dezesseis músicas que podem ser consideradas próximas de serem acabadas, mas estão essencialmente finalizadas... Isso acabou por nos abrir uma janela para tocarmos o Joshua Tree durante o verão.... Nós estamos a ponto de terminar ‘Songs of Experience’...  Mas novamente, eu não sei, mas eu tenho a sensação de que estamos muito perto de terminá-lo.”

Adam falou que a entrevista estava sendo concedida da casa onde a banda gravou The Joshua Tree, em Rathfarnham ao sul de Dublin, casa a qual foi comprada por ele. Na época, Bono decidiu que gostaria de gravar em um ambiente não tradicional de estúdio, que estava cansado disso. O local onde o álbum foi gravado virou uma sala.

[caption id="attachment_7022" align="aligncenter" width="640"]Adam e Edge durante as gravações do álbum na mansão georgiana Danesmoate em Dublin, o local foi escolhido porque Bono queria um ambiente diferente ao do estúdio para as gravações. A casa posteriormente foi comprada por Adam. Adam e Edge durante as gravações do álbum na mansão georgiana Danesmoate em Dublin, o local foi escolhido porque Bono queria um ambiente diferente ao do estúdio para as gravações. A casa posteriormente foi comprada por Adam.[/caption]

Adam ainda relembrou de como o fotógrafo Anton Corbijn teve a ideia de os levar até o deserto da Califórnia em um dos intervalos dos trabalhos para que vissem as árvores e a foto acabou não apenas servindo como capa para o trabalho que estavam fazendo mas também como o título do álbum.Anton-Corbijn_02

Sobre a afirmação de que Bono fez na época do lançamento de Achtung Baby que seria o som de quatro homens derrubando o jardim, Adam afirma que na sua opinião, a maior diferença entre os dois álbuns é que enquanto Achtung é feito para ser tocados em lugares fechados, clubes, Joshua é um um disco cinemático, com grandes paisagens.

A turnê em comemoração aos 30 anos de The Joshua Tree começa no dia 12 de maio no Canada, e depois segue pelos Estados Unidos e Europa com boa parte dos ingressos já esgotados. Até o momento não há previsão para que a banda venha a América do Sul com a turnê.

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