Bono para a Time: “Porque é hora de homens lutarem por mulheres também”
Bono para a Time: “Porque é hora de homens lutarem por mulheres também”
05 de janeiro de 2018
Bono para a Time: “Porque é hora de homens lutarem por mulheres também”
Wiliam Koester

Em uma coluna para a revista Time, Bono falou um pouco sobre sua visão em relação a igualdade de gêneros e o papel do homem em lutas femininas, sobre a confusão do prêmio Mulheres do Ano que recebeu da Glamour, da influência de sua família em suas opiniões e como a educação de garotas pode ajudar no desenvolvimento mundial. Leia a coluna completa:

Porque é hora de homens lutarem por mulheres também

Eu não sou masoquista e, claramente, como um cantor em uma banda de rock ‘n’ roll, eu prefiro o urrar de afeição de um estádio às vaias e assovios da política na prefeitura. Mas devo dizer que eu quase gostei da confusão em que me meti um ano atrás quando eu fui o único homem honrado como parte do prêmio Mulheres do Ano da Glamour. Meu tweet de ódio favorito veio de uma mulher que disse que, em minha defesa, meus óculos não me faziam parecer um avô de 75 anos de Miami. Ou outro que disse ser inspirador como eu consegui superar a “adversidade de ser um cara branco milionário”.

Eu estava ciente e estava grato por ser oferecido como o estopim de um debate que a revista queria muito ter sobre o papel de homens na luta pela igualdade de gênero. Parece óbvio para mim que o sexo que criou o problema pode ter alguma responsabilidade em resolver isso. Homens não podem recuar e deixar para as mulheres sozinhas limparem a bagunça que fizemos e continuamos fazendo. Misoginia, violência e pobreza são problemas que não podemos resolver com metade da força, que é como estamos operando já há meio milênio.

Eu digo que isso pareceu óbvio para mim, mas para ser honesto, nem sempre pareceu. Eu fui escolarizado em casa sobre esse assunto de uma maneira muito poderosa por minha esposa Ali e nossas duas filhas. As notícias de que eu estaria recebendo o primeiro prêmio de Mulher do Ano da Glamour amplificou uma conversa em nossa casa – a qual Eve e Jordan acreditam ser a única conversa – sobre o fato de que, como Jordan me lembrou, não há lugar algum na Terra onde mulheres têm as mesmas oportunidades que homens. Lugar nenhum. O que tem a ver com o fato de que, ao redor do mundo, há 130 milhões de garotas que não estão na escola. São tantas garotas que, se elas fizessem seu próprio país, seria uma população maior do que a Alemanha ou o Japão.

Negar a garotas o que a educação oferece – um lance justo, um caminho para fora da pobreza – significa que mulheres podem trabalhar na terra, mas não podem possuí-la; elas podem ganhar dinheiro, mas não podem bancá-lo. É por isso que a pobreza é sexista, como dizemos, e dizemos em voz alta, na ONE para qualquer um ouvindo, especialmente os líderes mundiais que deveriam garantir acesso universal à educação até 2030, objetivo que eles definiram nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Não há espaço para a raiva justificada da injustiça disso tudo, há uma necessidade disso e da indignação contra a violência – física, emocional e legal – que perpetua isso. Mas há também, de fato, espaço para esperança. Porque as pesquisas são claras, está provado que financiar a educação de garotas não é caridade, é investimento, e os retornos são transformacionais.

Ao dar para garotas apenas um ano adicional de escolaridade, seus salários aumentam em quase 12%. Dê para elas tanta escolaridade quanto aos garotos e as coisas realmente começam a mudar. Diminuir a diferença de gênero em educação poderia gerar 112 bilhões a 152 bilhões de dólares por ano para economias de países em desenvolvimento. Quando você investe em garotas e em mulheres, elas elevam suas famílias, suas comunidades, suas economias e países com elas. Elas elevam e elas lideram.

Isso é, a menos que elas continuem sendo seguradas e empurradas para baixo. Que é o caso. Nós tivemos uma lição difícil no último ano de que a marcha do progresso não é inevitável. O sexismo está desenfreado, consciente e inconscientemente. Eu continuo trabalhando no meu próprio. A falta de esperança corre alta agora e o cinismo aumenta. Mas essas são coisas pelas quais o mundo não pode pagar. Há 130 milhões de garotas contando que mulheres e homens juntem-se no nosso ato coletivo, pressionem para melhores políticas e exijam que políticos façam mais e financiem mais do que funciona – coisas como a Parceria Global pela Educação, que precisa de reposição mais cedo esse ano.

A lição principal da minha lição de casa é algo que Ali me diz desde que éramos adolescentes: não me menospreze, mas não me admire também. Me veja como eu sou. Eu estou aqui. Simplesmente deve ser isso hoje em dia, a coisa mais importante para homens e mulheres é olhar para os outros e então começar a se mover juntos na mesma direção. Tornar a educação uma prioridade é uma maneira de tornar a igualdade uma prioridade, e mesmo homens com uma visão limitada deveriam ver que esse é o único jeito de ir para frente.

Você pode conferir a coluna original (em inglês) no site da Time.

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