Especial Boy 40: As gravações do U2-3
Especial Boy 40: As gravações do U2-3
25 de agosto de 2020
Especial Boy 40: As gravações do U2-3
As gravações do primeiro EP da banda foram traumatizantes, mas delas saiu “Out Of Control”, o primeiro single a alcançar o topo das paradas irlandesas.
Rubens
Newsposter e colunista do U2 Brasil

Demorou três anos até o U2 lançar suas primeiras músicas de maneira oficial, mas o caminho não foi fácil. Paul McGuinness rodava por toda a Dublin com a fita demo nas mãos atrás de alguma promoção. As primeiras investidas foram desastrosas. Ninguém parecia interessado no U2. Paul também foi a Londres, mas voltou com resultados igualmente desanimadores. A solução encontrada era continuar agendando mais apresentações.

Em março de 1979, Paul fez um contato com Jackie Hayden (na foto ao lado), da CBS Records. Junto com Ian Wilson, os três bolaram uma ideia diferente: “Que tal lançarmos um compacto de 12 polegadas com uma música no lado A, duas no lado B e que sejam escolhidas por ouvintes em um programa de rádio?” Hayden aprovou a ideia e chamaram o produtor Chas de Whalley para produzir o que seria o primeiro EP do U2 com três músicas: “Out of Control”, “Boy/Girl” e “Stories for Boys”.

Em nossa entrevista exclusiva com Ian Wilson, ele recorda a adesão dos ouvintes:

"Tivemos que pedir aos ouvintes que postassem sua resposta, o que os levaram a escrever, com um endereço, pagar por um selo, colocá-lo no correio e levar um ou dois dias para chegar até nós. Isso foi antes das pesquisas por telefone, mensagens de texto ou internet. Então, recebemos centenas de respostas entre o anúncio na segunda-feira e ter a banda de volta na sexta-feira para obter a resposta. Portanto, em termos de fato, era uma nova banda e o incômodo de enviar um cartão ou carta, essa foi uma resposta muito boa."

A banda acabou fazendo um acordo com a CBS para comercializar o single apenas na Irlanda, já que a pressão em cima dos integrantes e de Paul era grande. Não havia dinheiro para se manterem apenas tocando e Larry e Edge sofriam pressão por parte dos pais, especialmente o baterista, que havia largado o emprego.

As gravações, no entanto, foram um pouco traumatizantes. De acordo com Adam Clayton, a gravação foi horrível. "Ninguém nos disse nada sobre o que fazer", recordou o baixista. Antes da banda entrar em estúdio, eles estavam acostumados a executarem as músicas todos juntos. Ao entrar em estúdio, eles foram colocados em locais diferentes da sala de gravação para que o som fosse melhor captado, isso fez com o que a banda não acertasse as gravações de primeira.

O produtor Chas de Whalley relembra:

"Nos encontramos num sábado em agosto de 1979 após um show no Gaiety Green, em Dublin. Atravessamos a cidade até Windmill Lane, onde tínhamos o estúdio reservado das seis da tarde até à meia-noite. Nós escolhemos pra gravar as favoritas 'Out Of Control, 'Stories For Boys' e uma música nova, 'Boy/Girl'. Edge, Larry e Adam instalaram seus equipamentos na sala de gravação principal do estúdio, enquanto o engenheiro de som, cujo nome era Bill e tocava jazz no piano em suas horas de folga, colocou um microfone na sala de controle."

"E eles corresponderam, é claro. Porém um tape gravado pode ser algo cruel e ao tocar o tape novamente, problemas começaram a aparecer no som. Adam e Larry não eram assim tão bons em manter o ritmo, e sem o estardalhaço e a fúria de uma apresentação ao vivo onde eles pudessem esconder isso, não dava pra confiar que eles iriam manter o andamento. 'Stories For Boys' e 'Boy/Gir'l até que estavam legais. Mas havia – e ainda há – uma longa seção de 24 compassos, a dois terços mais ou menos do início de 'Out Of Control', onde permanece apenas o arranjo de baixo e bateria, e então lentamente tudo se intensifica de novo. Quer seja por nervosismo ou por exaustão, Larry sempre perdia o ritmo nesse ponto, Adam não consegui achar seu caminho de volta, e a coisa toda se bagunçava."

Gravar "Out Of Control" pela primeira vez foi frustante para toda a banda, inclusive para Larry, que perdia o tempo da música constantemente.

"Como essa era, disparada, a melhor música que eles tinham – e precisava soar o melhor possível – eu fiz com que eles repetissem quantas vezes fosse necessário até que eles conseguiram. O pobre do Larry estava quase em lágrimas e Bono estava a ponto de estourar comigo também, só que ele era muito educado pra isso. Tudo o que eu lembro é dele dizendo incrédulo 'Mas o Larry tem aulas com um dos melhores bateristas de Dublin! Como é que ele pode estar fora do tempo?'"

"Nós mixamos as músicas na noite seguinte, com o Paul me passando alguns baseados que eu aceitei agradecido. Não sei se o plano dele era me ajudar a ter grandes ideias ou me deixar tão louco que ele e o resto da banda poderiam assumir o controle. De qualquer forma, todos concordamos que as músicas tinham que ser tão fortes quanto possível, e acabamos colocando alguns efeitos nas trilhas de guitarra do Edge."

Mas o resultado não agradou Paul McGuinness, que levou as três músicas para serem remixadas por Robbie McGrath, que cuidava do som dos Boomtown Rats, para então a CBS Records lançar o "U2 Three", quatro semanas mais tarde, em 26 de setembro de 1979.

O sucesso da banda na terra natal refletiu no sucesso das vendas e as primeiras 1.000 cópias se esgotaram no primeiro dia, com o single alcançando a primeira posição nas paradas irlandesas. Algumas cópias ainda foram importadas pela Rough Trade que distribuiu o single no Reino Unido. O material aumentou a exposição do quarteto, garantindo novos shows e a oportunidade de gravar um material mais robusto um ano depois. Mas isso é história para os próximos capítulos!

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