Especial Songs Of: O que agora é comprovado foi um dia imaginado
Especial Songs Of: O que agora é comprovado foi um dia imaginado
26 de novembro de 2017
Especial Songs Of: O que agora é comprovado foi um dia imaginado
Vicky
Editora do U2 Brasil

Em poucos dias o próximo álbum do U2, Songs of Experience, prometido desde 2014 pelos irlandeses, chegará aos ouvidos de todos os fãs. Já tivemos algum aperitivo com lançamentos e apresentações ao vivo de algumas faixas: The Blackout, You Are The Best Thing About Me, Get Out of Your Own Way, American Soul e The Little Things That You Give Away. Apesar desta grande espera irritar a muitos, podemos dizer que na realidade ela é muito maior. Nas próximas linhas vamos fazer uma análise das influências da banda, de como a turnê dos 30 anos de Joshua Tree se encaixa nessa busca e além de comentar nossas expectativas e opiniões sobre o que está por vir.

William Blake, a inocência e a experiência

Bono é capaz de citar em meia-hora de entrevistas mais de uma dúzia de influências / inspirações / ídolos, que podem ir desde Jesus Cristo até Kayne West.

William Blake entrou nesse rol de inspirações do nosso vocalista. O inglês nascido em 1757, atuou como pintor e tipografo e poeta. Vivendo em um momento único da História, marcado pelo Iluminismo e pela Revolução Indústria em seu país, Blake dizia desde criança possuir o dom de ter visões, a primeira delas teria acontecido aos nove anos quando declarou ter visto anjos. Junto com o seu dito dom sobrenatural floresceu o seu talento, aos 10 anos ele já escrevia e ilustrava seus próprios poemas, além de realizar cópias de desenhos da Antiguidade trazidos pelo seu pai. Blake escreveu mais de 20 livros, e apesar de estar inserido na realidade do Iluminismo, quando a ciência parecia dar um passo a frente dos dogmas religiosos e da fé, os seus escritos sempre tiveram uma áurea mística, o que acabou por infelizmente fazer com que o seu trabalho só alcançasse o reconhecimento posteriormente a sua morte. Blake não se apegava a uma religião, porém misturava em um a própria mitologia aspectos da cultura judaico-cristã, influências pagãs, especialmente das lendas druidas além de uma carga grande de filosofia. Blake, como alguns autores do século XX que acabaram por encantar milhares com a sua própria mitologia a exemplo de J.R.R Tolkien e o seu Senhor dos Anéis, ou J.K. Rowling com o seu universo único em Harry Potter; deuses apareciam como personagens em suas obras, símbolos aparecem para comunicar a sua visão e a sua ideologia. Mesmo sem se afastar da sua fé, e da fé protestante cristã que dominava a Inglaterra na época, incorporando figuras bíblicas e a maioria dos seus valores em sua poesia, Blake foi um revolucionário em realizar a fusão de diversos pontos para comunicar a sua mensagem e utilizar importantes elementos para mesmo que de forma velada compartilhasse os novos ideias e visão da época que começaria a mudar a cultura ocidental.

Blake e a sua influência na cultura pop

Nascido em uma tradicional e rica família britânica, Edward Alex Crowley (1875-1947), tornou-se conhecido por ter sido uma influente figura na cultura do século XX, mas não por sua linhagem, mas pelo seu interesse no ocultismo, sendo considerado “o mago” da última geração. A partir da morte do seu pai, rebelou-se contra o cristianismo, se interessando pela magia negra e outras artes, recebendo o apelido de A Besta inicialmente por parte de sua mãe. Ingressando no Trinity College, em Cambridge, como aluno do curso de filosofia em 1895, mudou seu nome para Aleister no mesmo período. Referenciado como sendo influente nas obras de nomes como Jimmy Page – que comprou não apenas a mansão na qual Crowley viveu e muito de seus pertences -, Ozzy Osbourne – que compôs Mr. Crowley inspirado por ele -, Bruce Dickinson, David Bowie, Beatles e Raul Seixas, foi ele próprio talvez um dos primeiros grandes influenciados e curiosos sobre a obra de William Blake, os seguidores dele, portanto passaram a absorver, mesmo que de maneira indireta a mitologia e a criação do universo idealizada por Blake.

Outro influente nome da cultura no século XX que teve a sua obra profundamente influenciada por William Blake, foi o também britânico Aldous Huxley, o autor do renomado Admirável Mundo Novo, de 1932, a influência foi tanta que ele chegou a citar trechos de Blake nas suas obras. The Doors of Perception (As Portas da Percepção), de 1954, foi batizado como referência a um poema escrito por William The Marriage of Heaven and Hell* (O casamento entre o céu e o inferno), no livro Huxley defende o uso de drogas psicotrópicas, como chave para a libertação da mente criativa. E se você se lembrou de uma outra influente banda ao ler esse nome, sim, o The Doors se inspirou nele para batizar o grupo, e consequentemente em Blake, já que “Se as portas da percepção estivessem abertas, o homem poderia ver as coisas como realmente são: infinitas.”

Aquele que chacoalhou o mundo ao vencer o Nobel de literatura em 2016, Bob Dylan é mais um dos que bebeu das fontes de Blake e seus poemas. Se a voz de Dylan pode soar estranha aos ouvidos de alguns, meio fanhosa, meio desafinada, a sua poesia é de difícil contestação. Tarantula livro de poemas publicado em 1971 com poemas de Dylan talvez seja a sua primeira aproximação com a literatura formal, e lá com as imagens, alegorias e toda a mitologia os ecos de Blake estão presentes. Allen Ginsberg, poeta da mesma geração de Bob trabalhou com ele na possibilidade da gravação de algum dos poemas de Blake.

Poderíamos estender a lista das influências de Blake, a Patti Smith, aos quadrinhos de Alan Moore, a filmes como Dragão Vermelho, mas sendo Dylan uma das maiores inspirações de Bono, paramos aqui e colocamos Blake frente a frente com os rapazes de Dublin.

*Nota de rodapé: a análise da influência de Blake ao U2 segue nos próximos capítulos do especial, mas para não perder o gancho, durante as gravações de Achtung Baby a banda gravou uma música com o título de "Heaven and Hell". Coincidência?

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