Bono é entrevistado pela revista Rolling Stone
Bono é entrevistado pela revista Rolling Stone
31 de maio de 2017
Bono é entrevistado pela revista Rolling Stone
Vetri
Newsposter e editor de vídeo do U2 Brasil

Além de falar sobre Trump e o novo álbum, o líder do U2 explicou como a banda organizou a nova turnê, The Joshua Tree Tour 2017, sem depender do fator nostalgia.

Até a estreia do U2 na The Joshua Tree 2017 em Vancouver no último dia 12 de maio, eles honestamente não tinham certeza de que tinham um conceito que funcionaria. Foi um show construído em torno de um álbum lançado durante os últimos anos do governo de Ronald Reagan, por uma banda que passou toda a sua carreira se recusando a ganhar dinheiro com seu passado. "Esse negócio de fazer uma festa de aniversário não é para gente", diz Bono. "Nós não sabíamos se éramos capazes de fazer uma turnê que honrasse o “The Joshua Tree” sem que fosse nostálgica. Isso é um paradoxo."

Mas assim que Bono ligou para a Rolling Stone após três shows da turnê, ele não tinha dúvidas de que a banda havia obtido uma fórmula vencedora, uma que levou o “The Joshua Tree” a ser lançado em 1987 e estar firmemente plantado em 2017. A revista Rolling Stone conversou com o líder do U2 sobre como a banda chegou até aquele lugar, e onde ele  que a banda chegue de agora em diante.

RS: De onde você está telefonando?

Estou em um dia ensolarado em Los Angeles, que para um irlandês é sempre emocionante.

RS: Como foram os três primeiros shows para você?

Oh, minha nossa... Eu diria que, até Vancouver, nós não sabíamos que o conceito, ou o roteiro, se conectariam. Foi um alívio. Pessoalmente, eu tive algumas dificuldades técnicas com meus monitores de ouvido. Eu estava tendo dificuldades em me apresentar. Eu ouvia o retorno e até que acabei fazendo um bom trabalho com relação a isso, mas foi difícil curtir o show, porque eu tive que me concentrar muito. Então fiquei aliviado quando acabou e todos ficaram tipo: "Nossa, isso foi ótimo."

Então eu realmente curti o show em Seattle. Eu sabia que não era somente um conceito. Houve uma conexão com o público, essa foi a diferença. Eu apenas senti que tinha que me entregar a isto. É realmente muito bom poder voltar para onde você começou, em termos de não utilizar IMAG [telas de vídeo]. Foi desse jeito que nos tornamos a banda que escreveu “The Joshua Tree”. É ótimo tocar assim, mas é difícil para algumas pessoas, já que elas estão acostumadas com IMAGs. Eu apenas sentia: "não podemos apenas nos concentrar na música?" As pessoas não estavam com seus celulares, e isso foi incrível. Eu estava apenas ouvindo, então eu realmente tenho que fazer com que o meu canto seja o tecido conectivo, do meu ponto de vista. Não há imagens disponíveis, é como o Shea Stadium. Vocês são apenas aqueles quatro pontos no palco no início do show. Então, rapidamente, basta adicionar água e vocês se tornam gigantes.

É legal sermos formigas durante algumas músicas, desde que você só se concentre na música, já que não há nenhum outro lugar para olhar. Então estou realmente curtindo isso e também gosto de receber uma responsa em coro da plateia, um coral. Isso aconteceu em Seattle. Eu fiquei muito agradecido por isso.

RS: Me diga por que vocês quiseram fazer esta turnê.

À princípio, eu só queria homenagear este álbum que significava muito para nós. Não havia nenhum grande conceito. Nós estávamos tipo: "Não deveríamos fazer algo? O que de especial nós podemos fazer?". Então nós tivemos algumas ideias e a coisa andou por si só, e percebemos o quanto era relevante. Lendo as críticas e ouvindo as pessoas, eu sei que fizemos isso sem parecer nostálgico. É como se o álbum tivesse sido lançado agora. Ninguém está falando sobre ele como algo histórico. As pessoas estão falando sobre sua relevância atual.

RS: Quando você estava fazendo a preparação da turnê, como você pensou em combater a nostalgia?

Com a alta tecnologia, que podemos encontrar no telão de 8K; É como uma imagem tridimensional. Não consigo acreditar que a árvore (Joshua Tree) não está lá. Você pode tocá-la. Queríamos que tudo fosse muito, mas muito tecnológico. Então, encarregamos a Anton [Corbijn] para fazer isso. Nós dissemos: "Será que poderíamos apenas tocar as músicas sem nossas imagens apareçam no telão?" Nós fomos chamados de "punk floyd", por um tempo. Então o punk em há em nós sentiu: "Não, não, precisamos ver a banda em algum momento". Assim nós aparecemos a partir de "Bullet the Blue Sky", isso foi muito excitante.

Então ficamos muito empolgados com o terceiro ato, como o chamamos. O primeiro são as músicas que nos levaram até o “The Joshua Tree”. O terceiro foi: "Podemos ir para o futuro, e como seria, soaria e se pareceria esse futuro?" Então alguém disse, e pode ter sido eu mesmo, que o futuro é sobre as mulheres. Eu realmente acredito nisso, então vamos disso um poema às mulheres. Como você sabe, espírito feminino é crucial quando a hegemonia masculina está causando a desordem. Após a Segunda Guerra Mundial, pessoas como John Lennon, Bob Dylan, Joni Mitchell, qualquer um... Marvin Gaye, digamos.... é um espírito feminino. A década de 60 foi um espírito feminino e ela nasceu dos escombros da Segunda Guerra Mundial.

Grandes saltos para a frente da consciência têm um espírito feminino. Os homens começam a parecer como as mulheres, deixando o cabelo crescer. É uma coisa engraçada, o renascimento. ... Seja lá qual for o momento em que você se depara com o espírito feminino, há geralmente um salto na consciência. Na One Campaign, estamos liderando com "A Pobreza É Sexista”. É uma campanha dirigida por mulheres. E eu só estou assistindo, recuando alguns passos, para ser o tipo de mensageiro público que eu costumava ser. Eu ainda estou batendo tambores, mas no plano de fundo. Os “cantores” são mulheres. Estou maravilhado com isso.

Tivemos esta ideia como um poema às mulheres. Então nós temos a ideia de: "E se nós tivéssemos que conhecer uma mulher, uma garota, em um campo de refugiados?" O tipo de mulheres que não são bem-vindas, que o Presidente Trump não quer nos EUA, no país que nos trouxe as grandes linhas de Emma Lazarus, ao pé da Estátua da Liberdade. Vamos encontrar um desses imigrantes que ele quer afastar da costa. Eu comissionei o artista francês J.R. Ele não teve muito tempo para fazer isso. Onde iremos encontrar essa garota?

Ele a encontra em Zaatari, em um acampamento na Jordânia, que eu visitei com minha filha e [minha esposa] Ali, um ano atrás. Ele encontra este espírito incrível, Omaima. Ela fala sobre os EUA como uma terra dos sonhos. Ela fecha os olhos e J.R. pergunta a ela em outro segmento do filme que nós não exibimos no show: "O que você vê quando pensa nos EUA?". Ela diz: "Ah, é um país civilizado e eles são a boa gente." Foi uma desilusão. Nós colocamos uma parte disso naquele show, só para dar um chute no saco. Quando você acha que as coisas estão ligeiramente iluminadas, nós fazemos um poema às mulheres. A próxima coisa que você tem conhecimento, esta mulher te acerta um chute no saco, mas de maneira mais delicada. Ela diz tudo. Às vezes, quando estamos tocando, eu tenho que dar as costas para o filme. Eu não posso cantar quando estou olhando para isso. É muito comovente. Ela é tão digna e autoritária. Há algo de liderança no futuro dela.

RS: Conversamos rapidamente com The Edge depois do show. Ele me disse que o setlist estava mudando muito nos últimos dias, antes do primeiro show. O que vocês estavam mexendo?

Não o meio dele, já que não podemos mexer nisto, mas o desfecho, o final do show. Eu não sei se vocês acham que é muito longo. Acho que vocês viram no show que de "One" vai para "Miss Sarajevo" e depois "The Little Things Give You Away". Normalmente nós não permitimos esse desfecho. É uma coisa longa a se fazer, mas nós sentimos que, por ser tão musical, que poderíamos fazer desse jeito mesmo. Isso estava sendo decidido antes de montarmos o setlist. Eu ainda posso mexer nisto. Estamos olhando para isso no momento.

RS: Vocês tiraram "MLK" e colocaram "Bad".

Sim, porque "MLK" estava usando um pouco do espaço que "Where The Streets Have No Name" ocupa. Foi legal e melancólico, e não precisamos estar assim nesse ponto. Eu ainda me pergunto se há muitas canções sendo tocadas no começo para as pessoas na pista que não pode nos ver. Eu sei que é ótimo para pessoas que ficam nos lugares mais acima, que conseguem nos ver. [Nota: a banda já tirou "A Sort Of Homecoming" do setlist, e jogou “Bad” para o final do terceiro ato]

RS: Eu imagino que vocês estejam tocando propositadamente as músicas na sequência em que foram lançadas, certo?

Isso foi intencional, sim. Nós colocamos “Boy” e “October” na turnê iNNOCENCE + eXPERIENCE, em 2015. Nós tocamos "Gloria e "October". Na verdade, o tema dessa turnê se baseia em um trecho da canção "Rejoice",  que é "Eu não posso mudar o mundo, mas eu posso mudar o mundo em mim." Eu escrevi isso quando tinha 22. Esse é o espírito da “Inocência”. Mas o espírito da “Experiência” é que na verdade eu posso mudar o mundo, eu não posso mudar o mundo em mim. Eu ouso dizer que esta é a verdadeira dialética da turnê iNNOCENCE + eXPERIENCE. E quando voltarmos à turnê como eXPERIENCE + iNNOCENCE, esse será o tema. Eu sinto que fizemos isso. Isso foi só para dizer que colocamos “October” naquela turnê.

Estou muito satisfeito com o primeiro ato. Não houve nenhuma reclamação sobre a falta das nossas imagens no telão, o que é muito bom, pois significa que as pessoas estão ouvindo.

RS: Vocês chegaram a pensar em não tocar a parte “The Joshua Tree” do show em sequência?

Eu estava um pouco preocupado com isso. Eu pensei que a densidade poderia ter um papel em nós segunda metade, mas eu senti o arranjo novo em " Red Hill Mining Town ", que é simplesmente mágica, dá espaço e "Running to Stand Still " também. Nós não teríamos feito isso se não funcionasse.

RS: Antes desta turnê, você viu Roger Waters tocar The Wall? Viu Springsteen tocar The River? Você já foi a algum desses shows sobre álbuns?

Eu vi Roger Waters tocando o The Wall, perdi o Bruce, e lamento ter perdido Patti Smith tocando  Horses, que foi um álbum tão formativo para nós. Não é uma ideia original. Assisti o Bowie tocando Low.

RS: Como você se sentiu tocando “Exit” novamente?

Eu mesmo tive um monte de auto danos ao longo dos anos tocando essa música. Fiquei muito feliz por não tocá-la durante muitos anos. Desloquei meu ombro. Entrei em lugares muito sombrios no palco. Eu preferia não voltar para essa música, mas eu encontrei uma maneira de pensar de onde ela veio e voltar aos livros que eu lia naquele tempo. Eu percebi que a real influência era provavelmente Flannery O 'Connor, então eu desenvolvi esse personagem chamado The Shadow Man (O Homem Sombra) e eu estou conseguindo pisar em seus sapatos sem mais auto danos. É um personagem e tanto. Estou usando algumas linhas de Wise Blood [o livro de O 'Connor]. Canto uma parte "Eeny, meeny, miny, moe" com a qual crescemos na Europa, uma coisa totalmente racista. Este trecho diz "O lugar de onde você veio já era, onde quer que tenha pensado em ir, não existe mais o lugar. Onde você está não está bom, a menos que você possa se afastar dele" É Gótico Sulista, acho que é assim que você o chamaria.

RS: Em “New Year’s Day” você cantou a frase “Ouro é a razão das guerras que travamos” pela primeira vez. Não tivemos pequenos pedaços de covers de outras canções. Vocês parecem estar mantendo intactas as versões originais do CD.

Eu coloquei “petróleo” nela, na verdade. Eu disse, “Nos dizem que essa é a era de ouro/Mas o petróleo é a razão das guerras que travamos. ” A propósito, parte da diversão de fazer esses shows é que estou mudando as letras quando eu quero e estou mantendo os arranjos intactos, como você apontou. Mas eu estava em uma banda no início dos anos 1980 onde as letras não eram realmente a prioridade, estranhamente. Era tipo, “Sobre o que se trata a canção? Qual é o tom? Qual é a batida? ” E você tinha pessoas como Brian Eno que era, tipo, meio que contra o conceito das letras de antigamente. Ele dizia, “Apenas olhe para essas belas pinturas sônicas que você faz com sua voz. Por que você precisa de palavras? Apenas cante desse jeito. ”

Em Unforgettable Fire nós deixamos “Elvis Presley and America” assim, mas algumas das outras canções não estavam terminadas, então “Bad” ou qualquer outra não estava concluída. Até “Where the Streets Have No Name” não está concluída, mas por que você tocaria nela? Como uma letra é apenas um rascunho. E então estou me divertindo muito mudando as letras. “A primeira vez que vi seu rosto foi no alto em um avião no deserto. ” Essa é uma bela mudança. Em “New Year’s Day” eu canto, “É verdade, é verdade, as pessoas podem abrir o caminho. ” Essas pequenas coisas que me mantem próximo das canções.

RS: Durante “Bullet the Blue Sky” os fãs esperavam um discurso similar ao feito no show feito no Dreamforce no ano passado, mas você preferiu não repetir isso.

Acho que o filme da paz é o jeito de falar sobre Trump. Também acho que é muito importante que as pessoas que votaram em Trump se sintam confortáveis no nosso show. Acho que eles foram trapaceados, mas eu entendo e não menosprezaria as razões pelas quais algumas pessoas votaram nele. Acho que as pessoas na esquerda realmente precisam prestar atenção ao que está acontecendo ao seu redor. Faço isso quando digo, “O partido de Lincoln, o partido de Kennedy e aqueles no meio se segurando, outros abrindo mão do Sonho Americano são bem-vindos. ” Essa é a frase mais importante: “Acharemos consenso quando alcançarmos uma posição superior. ”

Acho importante que as pessoas sintam isso. E então, por causa de muito dos meus amigos, e talvez seus, após a eleição e o Brexit existe essa tristeza, essa palavra melodramática, mas as pessoas sentem que estão enlutadas. E eu me perguntei, “Por que as pessoas estão de luto? ” Comecei a pensar que é a inocência deles. Há uma perda da inocência. Somos ativistas, mas desde que eu nasci, e você é mais novo que eu, o mundo estava melhorando a cada dia. Quando você acordou, mesmo que você não tenha feito nada, o mundo melhorou. Aquele que trabalhavam conosco na One Campaign conseguiam apontar para as pessoas que tinham acesso ao remédio para a AIDS ou para pessoas sendo vacinadas, as taxas de imortalidade infantil caindo.

Haviam razões para ser otimista. Quando estava nos meus 20 o Muro de Berlim caiu, Mandela foi solto. Você pensa que esse mundo de algum jeito está indo na direção certa, quase como se fosse uma evolução, o espírito humano está evoluindo. Acontece que isso não é verdade. Essas coisas devem ser resgatadas a existência. Existem papéis brancos circulando na Casa Branca com 47% de corte em programas de assistência que mantêm bebês vivos, vacinações. É chocante, mas real.

Meu pedaço no meio do show é dizer, “Ok, o sonho, talvez seja hora de acordar dele. ” Talvez o sonho esteja nos dizendo para acordar e o sonho do Dr. King esteja nos dizendo para acordar. Não há problema em perceber que será difícil, mas podemos fazer as coisas. Somos cheios de ingenuidade. O mundo pode ser um lugar muito melhor, mas não pense que isso ocorrerá por conta própria. Aí que está o problema.

RS: Mudando de assunto, você ainda não pode tocar guitarra?

Sim. Posso tocar sentado se o traste está apontado para fora, e com 3 dedos de pé. Dallas Schoo, o técnico de guitarra do Edge, está me encorajando a aprender a tocar com um slide.

RS: Você sente falta de tocar durante o show?

A banda certamente não sente. Eles não têm muito tempo para minha guitarra. Posso tocar em casa, mas fica estranho. Não acho que seja uma necessidade.

RS: Você pode falar um pouco sobre a escolha de terminar o show com uma canção nova?

O único jeito no qual poderíamos fazer essa turnê seria se tocássemos uma canção nova. Era o tempo certo para fazer isso. Era o álbum certo e fizemos, mas no fim não poderíamos fazer isso sem tocar uma canção nova. Eu queria começar a tocar músicas novas, é isso que eu quero.

RS: Qual é o status do Songs of Experience?

A banda vai te dizer para não me escutar nesse tipo de assunto já que eu achava que ele estava pronto no ano passado. Mas acho que a pausa o melhorou. Nisso eles estavam certos. Mas temos essas canções. Mas se se você deixasse nas mãos do Edge ele ainda estaria remixando o álbum ano que vem. O problema é que temos 15 músicas e temos que diminuir para 12. Não gostamos de CD’s longos. As faixas oficiais ainda não foram definidas, mas temos algumas que não sairão. “Little Things That Give You Away” é uma delas.

RS: Steve Lillywhite foi chamado de volta para terminá-lo?

Queríamos tocar ao vivo para que se tornasse coerente. Songs of Innocence, as canções são muito especiais, estou muito orgulhoso delas, mas se há uma coisa na qual eu o criticaria, seria a coerência na produção. Um amigo meu me disse, “Songs of Innocence? Não parece inocente o suficiente. Deveria ter sido mais cru. ” Então não queríamos ir e cometer esse erro novamente, então voltamos aos estúdios e tocamos as canções novamente. Steve é o melhor para gravar conosco no estúdio com a banda tocando ao vivo, então foi isso que aconteceu.

RS: Você acha que no início de 2018 é um bom palpite?

Eu gostaria que fosse antes disso, mas não me escute.

RS: Então o plano é fazer a Songs of Experience Tour com a mesma estrutura?

Sim, a Experience and Innocence Tour. Vai inverter muitas coisas, mas possui a mesma estrutura básica. Temos algumas ideias incríveis para o palco, mas é basicamente a mesma linguagem da última turnê.

RS: Você vê alguma chance de uma Achtung Baby Tour em 2021?

[Sorri] Não tenho pensado nisso, mas de novo se você me perguntasse 5 anos atrás sobre uma do Joshua Tree eu teria rido de você. Ela teria que ser chamada Zoo.Com.

Fonte: Rolling Stone

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